2016

09/04/2016

Na primavera acordo com a elaborada cantiga dos sabiás, no restante do ano é o gorjear de pássaros comuns que anunciam o amanhecer, no entanto, esta semana o silêncio foi sepulcral, quebrado apenas por um guincho estridente. Seu autor se mostrou esta manhã e logo percebi que sua falta de habilidade no canto é compensada por sua altivez e elegância. No topo da cadeia alimentar, silencia os outros pássaros e se faz majestade. Resta-me ficar honrado que meu cantinho verde, que vem sendo sufocado aos poucos por prédios, ainda mereça tão ilustre visita. E foi neste clima que deu início nossa festa anual de abril.


Sempre me considerei um péssimo anfitrião das festas de blues que fizemos aqui com meus amigos. O motivo é simples, tinha a oportunidade de encontrar amigos que não via, às vezes, há anos, no entanto, praticamente todos eu apenas cumprimento ao chegarem, eventualmente trocamos algum sorriso durante a festa e muitas vezes nem os vejo partir.
 

A razão, acreditava eu, era a união transcendental da mistura etílica com a magia da música que me transportava para uma dimensão de estase, consequentemente me afastando dos presentes.
 

Mas este ano, tudo seria diferente, afinal, estaria tão sóbrio quanto um muçulmano radical, já que estava abstêmio há 60 dias e ficaria mais 30 sem beber. Promessa? me perguntaram alguns surpresos quando eu recusava quase às lágrimas o meu néctar favorito, a caipirinha, ou um whisky maior de idade. Não, respondia eu, uma hepatite C, provavelmente adquirida nas primeiras cirurgias há mais de 35 anos. Eu e a Glau estamos nos submetendo a um tratamento que dá boas chances de cura.


Para meu alívio, descobri que posso continuar a tomar as misturas alcoólicas durante as próximas festas. Após avaliar meu comportamento no dia seguinte, concluí que minha dedicação aos amigos continuou sendo péssima e descobri que a boa música é que acaba me absorvendo quase por inteiro e não o álcool.
 

Acima, uma jam logo de cara com Marcião, Pedrinho, Rei Bass e Douglas fazendo um esquenta para iniciar os trabalhos.


A surpresa desse ano ficou por conta da banda White Room, que faz tributo ao Eric Clapton. Pra lá de competentes, fizeram um show memorável e que ficará na lembrança de todos que estiveram presentes. Os integrantes são Eder nos teclados, Mariano na guitarra e vocais, Reinaldo no vocal, Sylvio no baixo e vocal, Paulo na bateria. Até breve, se Deus quiser!


Depois veio Cris Stuane e banda puxando um blues rock mais pesado e exagerando com Free Bird do Lynyrd Skynyrd.
 

Marcião Pignatari e banda tocou blues com músicas autorais muito legais e já conhecidas por boa parte da galera.
 

O blues clássico do Alcatéia é sempre um deleite.
 

A volta do Triblues à nossa festa foi muito legal, com André Myga na guitarra, João no baixo e Djalma na bateria, aqui com uma participação especial na gaita do Pancho.
 

Op's alguém tem um slide para emprestar? Road house blues - Come together...
 

Aqui a jam já estava comendo solta, numa noite em que rolaram sons de Eric Clapton, B.B. King, Nuno Mindelis, Celso Blues Boy, Blues Etílicos, Steve Ray Vaughan, Free, Beatles, The Doors, Black Sabbath, músicas autorais e tantas outras coisas super legais.


A esquerda, nosso bom amigo Danilo (Mãozinha - Little Hand, para nosso amigo canadense Rylan) acabando com o restinho dos dedos que tem em solos e bases, acompanhando um som que põem todos para dançar. Escondidinho na bateria está nosso amigo Sílvio, que veio especialmente de Avaré para nos prestigiar. Pegou o ônibus de volta à meia-noite para cumprir os compromissos com a banda dele no domingo. Valeu!


O rock sessentista coloca todos para dançar.
 

Para manter a tradição dos últimos anos, desde que tenho duas torres de 23 andares habitadas ao lado do meu pequeno paraíso, a polícia chegou e pediu que encerrássemos a festa, mesmo sendo o terreno de minha família desde 1918 e de estarmos fazendo esta festa há 13 anos. Sem problemas, já eram 23 horas e faltava tocar apenas a saideira que foi executada.
 
[]'s 
 
Ricardo


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