Juréia Itatins, Iguape, Ilha Comprida

14/06/2014


Fazer um passeio com meu amigo Cláudio, pode ser tudo menos monótono, e geralmente foge do convencional, por isso adoro sair com ele. Veja a proposta:



- O que você acha de darmos um pulinho no sábado na Ilha Comprida? Poderíamos sair cedo, descer pela Régis Bittencourt, entrar sentido Peruíbe e pegar uma ligação por terra que faz conexão com o a rodovia que sai em Iguape.

 

Ah, me pareceu simples, topei na hora.



A BR116 não tem o apelido de rodovia da morte a toa, em média, de cada cinco vezes que desço a Serra do Cafezal, três vejo algum acidente feio. Dessa vez vi um dos mais impressionantes, um caminhão subindo em alta velocidade tombou numa curva e invadiu a contramão, fazendo um strike colidindo com outro caminhão, uma camionete e três carros menores que ficaram amontoados e quase irreconhecíveis, um deles com o teto achatado na altura da maçaneta das portas. Têm coisas que a gente vê que nos deixa nauseados, a sensação ruim só passou quando começamos a enfrentar situações que exigiram 100% da minha concentração.



O trecho off seria de apenas 40km através da Estação Ecológica Juréia Itatins.



Quando atravessamos esta ponte, quase fiquei desapontando pela travessia não ser por dentro da água, mal sabia eu que essa hora ainda ia chegar... Note que curioso, uma ponte enorme e larga de concreto com uma rampa feita de madeira, só pela metade. Não é difícil de imaginar o que aconteceu, foi feita a ponte, mas nunca finalizaram as rampas de acesso, assim, "alguém" improvisou um acesso de madeira.



Não está visível na foto, mas à direita tem uma enorme ponte abandonada construída... até a metade.

 

Quando me deparei com o "obstáculo", não pensei muito, eu tinha que superá-lo. Entreguei minha máquina fotográfica para o Fernando e entrei, sem me lembrar que tinha celular, documentos, algum dinheiro e, principalmente, a prótese que não deve molhar. Não sei se já é algum sinal de senilidade, mas como recuar não era uma alternativa simplesmente fui em frente. 



Nas fotos até parece fácil, mas pedras roliças jogam a moto de um lado para o outro, o pé escorrega entre as pedras com limbo e ao patinar, a roda traseira acaba deslocando as pedras cavando um buraco mais fundo. Por três vezes eu segurei a moto no braço achando que ia tombar na água e tomar um banho, mas consegui atravessar sem molhar nada da prótese, nem o pé - pura sorte.

 

No final da página tem um link que mostra a travessia dramática de nosso amigo Fernando, Gigante para os mais chegados, que sofre um pouco mais em função de sua baixa estatura.



Permitam-me abrir aqui um pequeno parênteses. Não quero parecer exibido, mas na foto acima eu tinha um pouco mais de 16 anos e estou atrás de um spray de água não atravessando um riozinho desses, mas subindo por ele - de moto! (Atrás de mim o amigo Renato Piovesan.)



Sim, sou eu, este incrível, sensual... praticamente um D'Artagnan do século 20, empinando seu cavalo de aço - uma fantástica CG 125 adaptada para o barro.



Capacete? Roupas de segurança? Ah, fala sério... larga de bichisse! Para quem não sabe, era assim que se andava de moto nos anos 70. Capacete era algo que se usava, às vezes, em rodovias, alguns nem tinham e geralmente apenas um óculos fechado com elástico era suficiente. A jaqueta de couro sim, era adotada nos dias frios e muito mais por uma questão de estilo do que por segurança.



Sim, eu adorava andar no barro. Bem, não era só uma questão de gostar, essa era a rua que dava acesso à minha casa e não andar no barro não era uma opção.

 

Perdoem-me por este interlúdio, vamos voltar à viagem.



Depois de sair do rio eu tinha a esperança de que o pior tivesse ficado para trás. Essa era a visão que eu tinha do meio do moro enlameado, olhando para meus amigos...



... e essa era a visão que eles tinha de mim. Sem poder usar a perna esquerda acho até que cheguei longe.

 


Gigante subiu com méritos.



Muito divertido se nossas motos não pesassem mais de 1/4 de tonelada, não é Claudião?

Eita, nessas horas dá um saudade da minha CGzinha...



Estava difícil de manter a linha reta, com a roda traseira insistindo em vir para frente, mas nada é impossível, já que o Claudião é quase um minotauro.

 


Almoçamos na aprazível Iguape.



Visitamos o mirante da cidade...

 


... onde fica o Cristo.


Para ser totalmente sincero, eu já estava bastante satisfeito com o passeio do dia, mas o Cláudio queria mais.

 


Em um só dia eu enfrentei os três tipos de terreno que mais me deixam em apuros, lama, pedras roliças - com o agravante de estarem cheias de limbo em baixo d'água - e agora areia fofa.



A idéia era andar aproximadamente 30 quilômetros pela praia até chegar em Cananéia e subir por lá.



Depois de andar 6 quilômetros com a sensação de que os dois pneus estavam furados, chegamos a um ponto em que a maré havia invadido totalmente a praia impedindo a passagem.



Mas o Cláudio não quis se entregar sem lutar, tentou contornar através das dunas, acabou encalhando e foi obrigado a desistir. 

O retorno foi tranquilo, até mesmo a parte da serra da BR116, que sempre é tensa, agora estava razoável. Quando encostei dentro de minha casa, quase no centro de Barueri, havia rodado 498 km.

 

No link tem um vídeo muito legal de uns 5 minutos que o Cláudio fez sobre esse passeio, onde dá para ter uma noção de como foi, vale a pena acessar.

 

 

Moto abraços

 

ô~`o

 

ricardo@bluesrockshow.com


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