Nossos garotos estão bem encaminhados (the kids are allright) Folga 02/04/2011 - Sou um viciado
Que heresia, quando em minha vida eu iria imaginar que um dia sem show eu consideraria um dia de folga? Mas não é bem assim.
No sossego de minha casa, confortavelmente instalado numa rede, lendo a biografia do junkie Keith Richards - Rolling Stones, estou fazendo o que mais gosto, depois de sexo e rock'n'roll, estou degustando a minha caipirinha. Mesmo assim, sinto uma certa angústia e fico me perguntando como estaria o burburinho do show de Ozzy para dali a algumas horas, principalmente depois de ler a autobiografia "Eu sou Ozzy", que, por sinal, eu recomendo - excelente para mostrar tudo o que não se deve fazer, muito hilariante, de fácil leitura, mesmo para que quem não conhece bem o seu trabalho. Não é à toa que é um best seller em todo o mundo.
Cheguei a uma conclusão, acho que sou um viciado, fazia pouco mais de 12 horas do último show que havia assistido e não vejo a hora de assistir o próximo, mas como tinha visto Ozzy em 2008, não estava disposto a enfrentar novamente o desconforto de mais um show ao ar livre, desta vez no estacionamento do Anhembi - que insistem em chamar de Arena.
Foto que tirei em seu show de 05/04/2008
No domingo, logo pela manhã liguei para meu amigo Anselmo "Ozzy Maniac", para saber do show do Madman. Segundo ele, transcorreu bem, a chuva não atrapalhou, entre o repertório tocou 5 músicas do álbum Paranoid e clássicos de sua carreira solo. Fez um grande espetáculo.
Avenged Sevenfold 03/04/2011 - Credicard Hall
Quem?
É, se não fosse pelo meu filho, provavelmente teria demorado um bom tempo até eu conhecer essa banda, que é uma verdadeira febre entre os rebeldes sem causa com mais de 13 anos, provavelmente graças aos vídeo games que tem algumas de suas músicas. Para ter uma idéia do prestígio dos "meninos", Mike Portnoy, baterista respeitadíssimo, deixou seus colegas virtuosos do Dream Theater para substituir o baterista "Rev" falecido, para a gravação do último álbum.
Pouco familiarizado com o trabalho deles, precisei de algumas audições para assimilar melhor esse som cheio de energia, mas logo de cara é possível perceber alguns elementos interessantes e familiares. A assinatura da banda é um solo dobrado (guitarras gêmeas) que os dois guitarristas Synyster e Zacky fazem, com a afinação de uma oitava acima uma da outra, o que dá uma suavidade e sonoridade linda ao solo, estilo inventado pelo Thin Lizzy nos anos 70. No meio da "porradeira" surgem solos e vocais melodiosos. Quem quiser se arriscar pode começar com Gunslinger, experimentar a foça do riff de Afterlife e fechar com a bela Dear God, onde os "garotos rebeldes" pedem a Deus que tome conta de quem amam quando estão distantes... No início da carreira tocavam o que foi classificado de metal core, o que não recomendo a ninguém, por isso, é prudente se ater apenas aos 3 últimos trabalhos, onde estão mais "mansos" e maduros.
Ao chegar, faltando quase 2 horas para o início, fiquei espantado com o esquema de segurança e filas monstruosas que se formaram desde a manhã desse domingo - tendo até gente que acampou um dia antes. Como os ingressos dessa banda "desconhecida" esgotou em poucas horas, fui obrigado a fazer uso de alguns contatos, para conseguir entrar, digamos, pelas vias não convencionais, o que nos poupou das filas. Como entramos pouco depois da abertura, via a chegada de bandos de adolescentes entrando em corridas desembestadas, tropeçando uns nos outros, com gritos de histerismo e euforia, aeeeeee! Uhuuuu!
Me afastei da muvuca e dividi o fundão com pais de olhar apavorado, que foram obrigados a acompanhar as crias com menos de 18 anos. Como tempo eu tinha de folga, fiz uma ronda pela casa onde puxei conversa com os seguranças, garçons e atendimento médico. Contatos que podem ser muito úteis. No ambulatório confirmei algo que já desconfiava a muito tempo. Ao indagar sobre o tipo de público que costuma dar mais trabalho, o médico foi enfático, o pessoal do pagode, axé e sertanejo são os campeões em bebedeira e brigas.
- E o pessoal do rock?
- Ah, eles só querem se divertir, o problema mais comum entre eles é o desmaio em função da "espremessão" contra a barreira de separação.
Sound of Silence - o que é bom, ficará para sempre.
Antes de o show começar e os multitatuados entrarem em cena, as músicas que estavam sendo tocadas recebiam vaias ou eram ovacionadas em sinal da aprovação ou não dos presentes, a última música, portanto, a música de abertura para o show foi, pasmem, Sound of Silence de Paul Simon & Art Garfunkel, o que gerou estranheza por alguns, algumas torcidas de nariz, mas não demorou para que ela fosse acompanhada por palmas cadenciadas com as mão acima da cabeça, pela maioria. Uma surpreendente manifestação coletiva totalmente espontânea, o que demonstra que os ouvidos estão abertos às coisas boas.
Os músicos aparentemente acertaram em cheio no set list, que se fixou principalmente em seu último àlbum, Nightmare. Todas as músicas foram acompanhadas com MUITA empolgação. Para tentar minimizar o problema do palco muito baixo, vale destacar a atitude simpática dos músicos que estavam sempre subindo numa espécie de plataforma na frente do palco, para ficar um pouco mais altos e dar a oportunidade a todos de os verem. Como ponto negativo eu citaria apenas o intervalo um pouco longo entre as músicas e o tempo de show, que foi de uma hora e meia magra, shows normalmente tem uns 20 minutos a mais.
Que os ventos continuem espalhando o som do rock a todos que queiram recebê-lo.
|