24/02/2012 - HSBC Brasil
Antes de falar do show em si, tenho uma nota triste, a última das tradicionais casas de espetáculo de São Paulo, teve seu último show na semana passada. O antigo Palace será colocado abaixo para dar lugar a um ou mais prédios. Lugar do meu primeiro show de verdade, com seu ambiente intimista, foi palco para tantos outros depois, de puro estase e satisfação. Fará falta com certeza, como faz falta o Olympia até hoje. O frio hall da recepção desse edifício provavelmente ocupará o espaço que já pertenceu a um templo sagrada da música.
Com as vendas fracas, o HSBC Brasil teve que usar um truque comum para tentar diminuir a sensação de vazio, a parte dos fundos onde normalmente ficam mesas ou uma extensão da pista foi fechada com uma cortina, reduzindo em quase 1/3 o tamanho do salão. A pista VIP que tinha o preço bem salgado, foi estreitada. Assim, com menos de 200 pessoas na VIP e umas 500 no que restou, o vácuo ficou menor. Uma pena, essa banda dos EUA merecia uma casa lotada.
Muitos como eu certamente passaram, a cada vez que tocavam as bolachas do álbum duplo Extraterrestrial Live, mais de uma hora contemplando sua capa, imaginando como seria um show do BÖC, com toneladas de iluminação, laseres e efeitos especiais. Finalmente depois de 45 anos de estrada, em sua formação original apenas Eric Bloom e Donald “Buck Dharma” Roeser, 67 e 64 anos respectivamente, chegaram ao Brasil. Ao fundo está Jules Radino. Na primeira foto, está no meio dos dois Ritchie Castellano, que também assume os teclados.
Famosos por serem exigentes na qualidade do som, ele foi limpo e cristalino, começaram o show com The Red and The Black, no final dela abriram um largo sorriso ao serem ovacionados.
Como não conheço todo o trabalho deles, algumas músicas algumas foram novidade para mim, mas todas geralmente entravam numa "viagem" tão inebriante com as guitarras, que eu nem lembrava de gravar - só me dava conta quando já tinha terminado.
Para terem uma idéia da importância desse excepcional baixista cubano, Rudy Sarzo, Eric deixou para apresentá-lo durante a música mais famosa da banda, Godzilla...
... apresentando-o como o monstro do baixo, dando o nome das principais bandas com que ele já tocou e tocando uma introdução de uma música que marcou o grupo, começando com Quiet Riot - Cum on feel the noise, Whitesnake - Hear I go Again, Ozzy Osbourne - Crazy Train, fez um solo de baixo que só não filmei inteiro porque as câimbras nos braços não deixaram, e fechou com acordes de Holy Diver do Dio, para depois voltar para Godzilla.
Apesar do excelente show, qualidade de som fantástica, clássicos como Burnin' for You, Cities on Flame, (Don't Fear) The Reaper, na minha opinião, exploraram pouco o álbum Fire of Unknown Origim, que é uma obra prima, poderia ter sido tocado na íntegra que ninguém reclamaria. Outro fator negativo foi o pouco tempo de show, uma hora e meia, e apenas 12 músicas executadas, ou seja, ficou muita coisa boa de fora e nós com muita água na boca.
Um pouco antes de encerrarem o show para o bis, uma centelha que foi inflamando a todos os presentes transformou em uníssono as palavras Blue-Öyster-Cult, Blue-Öyster-Cult... proclamadas aos brados. Nesse hora, os músicos que não estavam tocando seus instrumentos, começaram a sacar seus celulares para filmar e qualquer um que estava no backstage fez o mesmo. Um dos roadies virou cameraman, ficou circulando pelo palco e gravou tudo até até o final. Esse momento certamente ficará gravado na memória deles para sempre. Fecharam o bis com Perfect Water e Hot Rails to Hell.
Ricardo Koetz
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