18/08/2013 - Pq. do Ibirapuera O poder revigorante da música é algo
impressionante.
Eu havia acabado de rodar mais de 900 Km em menos
de três dias, sendo que um dia e meio foram rodados em estradas de terra e
cruzando fazendas em trilhas, que compõem o "Caminho dos Anjos" em Minas Gerais,
onde, durante um dia inteiro usamos praticamente só primeira e segunda marchas,
num razoável grau de dificuldade para essas motos big trail com peso
orbitando pelos 250kg, enfrentando TODO tipo de terreno exceto lama, incluindo
subidas e descidas muito íngremes com muito cascalho solto.
Depois de mais de 30 anos sem pilotar, fui fazer
minha primeira viagem de verdade, uma prova de fogo. Foi uma enorme satisfação
conseguir, com méritos, acompanhar colegas experientes, com várias viagens
internacionais a lugares inóspitos no currículo. Sentindo cansaço e um certo desconforto físico
aliado a três noites de poucas horas de sono de qualidade ruim, só mesmo a
música para me fazer sair de Minas antes de meus colegas e ir praticamente
direto para o show. Acima estão o Ricardão, Jaci, Rodrigo (responsável pelas
fotos acima), meu brother Cláudio (que teve a coragem de me convidar
- "brigadão") e eu. Valeu a força pessoal - inesquecível!!! O Bourbon Street Fest acontece anualmente, durante
uma semana na casa de espetáculos Boubon Street, no entanto, os artistas que lá
se apresentam, também se apresentam gratuitamente num palco no Parque do
Ibirapuera, com o incentivo da prefeitura.
O show começou com o trompetista Leroy
Jones que faz um jazz mais tradicional, com participação da
atriz Topsy Chapman, que também é cantora de soul, gospel e
rhythm & blues.
Eu ainda sentia as dores pelo corpo quando entrou
no palco Wanda Rouzan, que tem o título de embaixadora cultural
de New Orleans. Nesse momento você percebe a diferença absurda que existe entre
uma banda competente, como foi a anterior, de uma banda competente que possui
uma líder com o enorme carisma como Wanda.
Imediatamente o público foi enfeitiçado, o clima
mudou, minhas dores desapareceram e ninguém conseguia mais tirar os olhos da
"the sweetheart of New Orleans". A "queridinha de New Orleans", começou a cantar em
festas e concursos de calouros aos 5 anos, com 13 já tinha seu primeiro disco.
Como atriz participou de diversos musicais e foi premiada ao interpretar o papel
de Billie Holiday. Wanda, dançou, se insinuou, esbanjou simpatia e conquistou a
todos.
Com seu power trio formado pela guitarra,
baixo e bateria, que está muito mais para o rock pesado do que para o jazz, ele
apimenta o seu som e ainda o tempera com dois sax tenor que são um show. Essa
banda sozinha já seria uma atração à parte, mas ainda conta com o
carismático Trombone Shorty tocando trompete, trombone, cantando, dançando e
distribuindo simpatia. Em 2010 era considerado uma revelação da cena jovem do Jazz. Agora ele é um
novo e consagrado astro.
Por pelo menos duas vezes ele aplicou a técnica de respiração circular, que
consiste em respirar pelo nariz e soltar o ar pela boca, o que permite tocar o
instrumento de sopro por um longo período de tempo sem
interrupção. (Eu queria saber o que esse baterista toma, ele está sempre assim :-)
Uns 30 metros de distância, de frente com o palco
estava a tenda da mesa de som, que tinha como ligação com o palco um corredor
formado por uma grade de contenção, que dividia o público em dois
blocos. Um pouco antes da tenda, do lado direito do palco havia um grupo que
dançava animadamente, de forma coreografada, as músicas que eram tocadas. Num
certo momento, Trombone pulou do palco e veio pelo meio do corredor, passando
pelas mãos que queriam toca-lo. Estendi o braço com a mão em forma de
cumprimento, que ele segurou - com sua mão grossa e calejada de quem puxa ferro - e me cumprimentou, em seguida, pulou a grade e
saltou para junto da galera que dançava. Os seguranças nem tentaram
acompanha-lo. Dançou, cantou e se movimentou por entre a massa até chegar
novamente no palco. No ano passado quando o vi no BMW Jazz Festival,
ficou faltando tocar Hurricane Season, que desta vez ele não deixou de fora.
Neste show, na hora do solo de bateria, todos os integrantes foram tocar uma
parte do instrumento, ou seja, foi tocada a 12 mãos, o que permitiu a criação de
diversos ritmos, simulando inclusive uma escola de samba. Por outro lado, o
rodízio de músicos, trocando de instrumentos na hora do bis, que foi muito
interessante, não se repetiu desta vez. No link abaixo estão fotos e meus comentários sobre o show dele do ano passado. Ricardo |