Antes de mais nada, é preciso dar os parabéns pela ousadia do Alê, de abrir um bar no centro de Barueri, com uma área útil de uns 70m², onde tem de um lado o balcão para atender o público e do outro um palco, sobrando um pouco mais que um corredor onde ele distribui algumas mesas. Trata-se do pub "Mais Café", que eu rebatizaria por "Mais Cerveja" com a maior tranquilidade.
Para a maioria das pessoas, a falta de espaço inibiria qualquer um a colocar mais que um banquinho e um violão, e olha lá, mas para o Alê a coisa é diferente, além de tocarem regularmente bandas de blues em seu bar, já passaram por lá, entre outros, Nuno Mindelis e agora o Marcinho Eiras. Para quem não sabe quem é, ele participou por 6 anos da banda do Domingão do Faustão.
Marcinho é um instrumentista de enorme talento e chama a atenção porque ele toca duas guitarras ao mesmo tempo, normalmente dedilhando duas guitarras simultaneamente, fazendo base com uma e solo com a outra. Graças aos pedais, a da ponta é praticamente um teclado.
O resto da banda também é fenomenal, Felipe Alves é ótimo no baixo e Dom Paulinho Lima facilmente rouba a cena quando solta os braços em sua bateria, além de cantar muito.
Escolhendo o repertório na hora, de acordo a receptividade do público, tocaram Ray Charles, muito funk e soul, flertaram até com a discoteca :-(, mas eles se tornam mesmo fenomenais quando escapam para o jazz.
No intervalo do show conversei com o Marcinho para tentar entender porquê uma pessoa inteligente como o Faustão não abre 5 minutos de seu programa para dar um pouco de cultura ao povo e coloca algo de qualidade - só por 5 minutos, pelamordedeus!!! Me explicou que quem dá audiência, segundo o Faustão, é o "público da laje", que a postura da emissora é de brigar pela audiência a qualquer custo, e que eles estão numa corrida insana pelos pontos. Morrem de medo de colocar o Djavan e que alguns resolvam olhar o Gugu e encontrem alguma baixaria por lá que acabe roubando alguns telespectadores. - Putz, mas então será que não dá para os dois apresentadores fazerem um acordo de cavalheiros e por 5 minutinhos, num horário determinado por eles, ambos darem um pouquinho de cultura para o subestimado público? Perguntei também como era dividir aquele espaço com um monte de feras, músicos realmente muito bons, subutilizados para ficar tocando jingles. Disse que não era bem assim, muitas vezes precisam tocar para algum artista no palco, o que não é para qualquer um, além disso, a exposição é boa e o dinheiro também...
Chamei o Alê de lado e perguntei como ele fazia a conta fechar, pois do lado de dentro mal cabem umas 30 pessoas, com um couvert artístico a R$ 15,00, não é preciso ser um gênio da matemática para saber que os números são modestos. Sorriu e confidenciou: os músicos vêm pelo amor à música, vêm porque gostam de tocar. Com certeza! Eles se divertiram muito também.
Bom, mas voltando ao show, o repertório está um pouco fora de meu cardápio musical, mas mandam muito bem dentro do que se propõem.
Ricardo
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