12/12/2015 Allianz Parque
Um dos grandes sonhos de minha vida era ver o Pink Floyd,
como David Gilmour não quer mais se reunir com Roger Waters, esta possibilidade
está riscada, mas, por incrível que pareça, pode até ter sido benéfico, já assisti
duas vezes o Roger Waters em produções épicas e agora foi a vez de
David. Se estivessem juntos talvez só os teria visto uma vez... Chegamos ao Allianz Parque sob uma chuva fina, apesar da
boa organização e estacionamento conjugado, me recusei a pagar os exorbitantes
cem reais para parar dentro do estádio.
O show começou com poucos minutos de atraso e a chuva não mais apareceu. No alto de seus 69 anos, com sua voz, agora, grave e
rouca, cantou melhor do que nunca - todas as músicas. A Rattle That Lock
World Tour passou por Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, seguindo, para Argentina e Chile. Poderia ter sido melhor O Allianz Parque se mostrou um local excelente para shows
de proporções monumentais como esse e a qualidade do som estava ótima, pelo
menos mais ou menos no meio do gramado onde eu estava, mas existiu uma falha
grave: desconheço a razão ou de quem foi a responsabilidade, mas o fato é que
não foram colocados os dois telões laterais que 98% das vezes são utilizados em
shows. O único telão que existia era o redondo, central do palco, que revezava
vídeos e imagens do onipotente e onipresente David. Limitou assim a exposição de
mais imagens da banda e prejudicou muito o público. Outra coisa que não
compreendo é por que não fazer o palco mais alto? Muitas pessoas de estatura
mediana ou baixa agradeceriam.
Uma banda de peso:
Contava com o britânico Phil Manzanera na
guitarra, além de produtor musical, trabalhou como guitarrista principalmente
nas bandas Quiet Sun e Roxy Music.
No outro teclado estava Kevin McAlea,
Irlandês, já tocou com Kate Bush, Barclay James Harvest, entre
outros.
No baixo estava o londrino Guy Pratt, genro do falecido tecladista do Pink Floyd Richard Wright. Trabalhou com Bowie, Madona, Michael Jackson, entre muitos outros.Na bateria, Steve DiStanislao,
estadunidense, trabalhou de Crosby, Stills & Nash a Paul Anka.
Para nós, motivo de grande orgulho é a presença
de João Mello no sax. É quase inacreditável que um garoto com
apenas 20 anos, brasileiro de Curitiba esteja tocando com esse monstro sagrado,
não é? Então vamos a um breve resumo: João tocava em bandas de Curitiba, foi
passar uns meses em Londres para visitar a mãe, tocando numa esquina de Londres
conheceu o baixista Fred da banda Razorlight, cujo guitarrista, Johnny Borell
namora a filha de Gilmour. Em seguida João foi indicado pela banda para integrar
a banda de Phil Manzanera. Posteriormente, Gilmour resolveu formar uma banda
para a turnê atual e foi daí que as peças todas se encaixaram. Completaram o time Bryan Chambers e
Louise Marshall nos backing vocals. O repertório foi ponteado por canções que marcaram a trajetória da lendária banda britânica e músicas de seu mais recente disco solo. Não faltaram efeitos visuais deslumbrantes que cobriam todo o "céu" do estádio. Quanto vale? Muito se divagou sobre a "exorbitância" cobrada para se ver o show, colocando em xeque a justiça ou não do valor cobrado. O ingresso estava na média dos shows de estádios por aqui. É claro que também questionei a equação valor x fugacidade da sensação vivida. Concluí que uma refeição sofisticada com um bom vinho podem custar o mesmo, e provavelmente não se guardaria nem nem mesmo uma foto do prato consumido em bem menos tempo que o show, enquanto que as imagens e momentos vividos aqui ficarão para sempre na memória. Indubitavelmente David Gilmour está para o rock progressivo como Mozart está para a música clássica, então lhe pergunto: quanto vale estar diante de um deus vivo? Eu vivi esta sensação e quando ele partir, não haverá mais dinheiro no mundo que poderá pagar o arrependimento de quem titubeou. O show for dividido em duas partes, uma de uma hora e dez,
um intervalo de uns vinte minutos e mais uma hora e vinte minutos. O setlist foi
formado por músicas como Time, Run Like Hell, Confortably Numb, Wish you Were
Here, o delicioso jazz The Girl In The Yellow Dress, a linda On An Island, a
doidona Astronomy Domine, Breath, Money, Us And Them, entre outras. A comparação do show de David com os de seu ex-companheiro
de banda Roger Waters é inevitável e a conclusão é que possuem propostas
diferentes, enquanto Roger faz um show mais ousado e bastante teatral, David se
foca principalmente na música. Particularmente o repertório de Roger me agradou
mais, pois tocou peças longas como do álbum Animals, talvez o meu preferido
deles, além de ousar mais. Mas que venham ambos novamente, com preço justo ou não, venderei as joias da família se necessário, mas irei. Ricardo |