São impressionantes por vários motivos, qualidade técnica, tempo dos shows, músicas de enorme complexidade, de duração inviáveis para os padrões de radio difusão atuais (algumas com mais de 20 minutos), mesmo assim estão na estrada desde 1980 e tem uma enorme legião de fãs em qualquer lugar que se apresentam.
Tinham um interessante sistema de telões, três, em forma de cubos que muitas vezes mostravam a performance de um músico diferente em cada cubo.
Há muito tenho ouvido falar dessa banda de virtuosos, já os vi tocando em 1998 no Philips Monsters, mas não eram o meu foco da noite. Depois vi Joe Petrucci, o guitarrista deles, com o G3 - gosto desse cara, fã de Steve Ray Vaughan como eu. Pena que Mike Portnoy, provavelmente o melhor baterista dessa "nova geração", já não está mais na banda.
Pois bem, esta foi a primeira vez em que fui a um show para ver especificamente essa banda americana que surgiu nos anos 80 fazendo um metal complicado que passou a ser chamado de prog-metal.
Apesar da complexidade de suas composições, conquistaram uma legião de fãs que abarrota todos os shows deles. Dessa vez não foi diferente e, diria, 90% dos presentes trajando camisetas da banda.
Como fui só, fiz valer o meu direito e sentei-me nas cadeiras que ficam em frente ao palco reservado aos PNEs (portadores de necessidades especiais - eu não aguento esses termos do politicamente correto, viva o South Park), enfim, graças a isso tive uma visão privilegiada.
Estava meio que lamentando o fato de o guitarrista John Petrucci ficar no lado oposto ao que eu estava, mas eu não tinha idéia do que me esperava.
Logo que os integrantes entraram no palco para Bridges in the Sky, eu estava preparado para fotografar, mas imediatamente mudei para filmar, o motivo foi o "Japa" John Myung, os seus dedos flutuavam na velocidade das asas de um beija-flor sobre o seu baixo de 6 cordas, fiquei hipnotizado e custou um pouco até que eu pudesse prestar atenção no restante da banda - o cara é inacreditável. (Fui politicamente incorreto :-), Myung é nascido nos EUA, filho de coreanos).
O tecladista Jordan Rudess era uma atração à parte, com seu teclado que girava em todas as direções e tinha um sistema hidráulico que permitia inclina-lo de várias formas, depois voltava para a posição normal sozinho, tipo cadeira de dentista.
Também nunca havia visto uma bateria assim, mais parecia uma casinha e era estranho ver os pratos afixados no "teto", mas tem seu propósito, deixa o baterista mais à vista, apesar de cobrar um preço, trabalhar com os instrumentos percussivos nessa altura exige preparo extra para os braços. Mike Mangini é certamente tão bom quanto Mike Portnoy, mas, não sei dizer porquê, Portnoy me impressionou mais nos vídeos que vi.
Quando dois guitarristas fazem o mesmo solo simultaneamente chamam de guitarras gêmeas, que nome poderia ser dado quando temos uma guitarra, um baixo e um teclado fazendo exatamente o mesmo solo ao mesmo tempo? Pois isso aconteceu várias vezes durante o show, o duro era escolher para quem olhar.
O solo de Petrucci acabou em blues com o auxílio do tecladista Rudess, mas na maioria das vezes, nos instrumentais intrincados o que eu notava era uma nítida influência do Rush, uma das inspirações da banda.
LaBrie e Petrucci fizeram uma versão acústica de The Silent Man e Beneath the Surface.
Que tal comer uma banana no meio do solo de bateria enquanto se usa só os pés? Foi o que esse professor da faculdade Berklee College of Music fez. Nesta mesma faculdade formaram-se o guitarrista, o baixista e o ex-batera da banda muitos anos antes.
Dizem que John Myung é um sujeito calado e misterioso, e que após o show continua a tocar para desaquecer...
Depois do bis com Metropolis Pt. 1, Myung saiu do palco, como ninguém o acompanhou, voltou com o dedo indicador em riste, discretamente no canto do tablado, direcionado a LaBrie - mais uma? ele perguntou na linguagem de sinais - o vocalista inclinou a cabeça de lado e lentamente a balançou negativamente, como quem diz disfarçadamente, nem ferrando. O show durou umas duas horas e meia, mas era comum fazerem turnês mundiais "An evening with..." (Uma noite com...), que eram shows de mais de 3 horas de duração. Live Scenes from New York foi de 4 horas e resultou na hospitalização do baterista da época, Portnoy. LaBrie se desculpou por um set tão curto.
Músicas que passam de 10 minutos são comuns em seus trabalhos, possuindo alguns épicos que passam de 20 e um de 42 minutos.
Outro fator impressionante é que quando estão em turnê, pelo menos na época de Portnoy, a banda preparava uma gama enorme de músicas para serem executadas, onde o setlist era definido no dia do show, com o objetivo de propiciar aos fãs que os acompanham numa mesma região, shows diferentes a cada noite.
Curiosidade: na turnê de 1999, no show de New York, contaram com uma superprodução, convidados especiais, corais, etc. com um show de três horas e meia. Quando o CD triplo finalmente ficou pronto, seu lançamento coincidiu com os atentados de 11 de setembro de 2001, ainda por cima, a capa trazia as torres gêmeas - em chamas!!! É lógico que todos CDs foram recolhidos para refazerem a capa, os que já haviam sido vendidos hoje são peças de colecionadores.
Vale comentar que à caminho do Credicard Hall, passei por Osasco, no evento Blues Pela Vida, que arrecada fundos para instituições de caridade. Infelizmente não tive tempo para esperar o Big Chico Blues Band e outras atrações, mas gostei bastante da banda Os Harmônicos, que é formada por três gaitistas.
Ricardo
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