Eric Clapton

 
Nascido em Austin no Texas, Gary Clarck Jr. veio promover seu álbum Worry No More. Ganhou notoriedade quando foi descoberto por Clifford Antone, do Antone's blues club, onde também surgiram Steve Ray Vaughan e seu irmão Jimmie, para citar apenas dois. Gary chegou a tocar com o próprio Jimmie e participou do Crossroads 2010 - Festival anual de Eric Clapton que tem por objetivo arrecadar fundos para sua clínica de reabilitação, na Ilha de Antigua no Caríbe.
 
 
Gary, aos 27 anos, abriu o show de Eric Clapton aproximadamente às 19:45. Quando não canta em falsete, tem um timbre de voz que lembra Paul Rodgers do Bad Company. Tocou por meia hora um blues rock bem interessante.
 
 
O homem que já foi chamado de deus dá o ar de sua graça no Brasil em ciclos de praticamente 10 anos. A primeira foi em 20/10/1990, absolutamente insuperável - com Ray Cooper roubando a cena, veja meus comentários acima, 11/10/2001 (alardeado pela mídia como sendo o de encerramento de carreira) um dos piores que já assisti, e agora em 2011 resolvi conferir para desempatar
 
 
Pontualmente às 21hs, subiu ao palco e nos desejou boa noite. Figurinha fácil no mundo da Fórmula 1, disse que estava dedicando este show ao Felipe Massa. Isso foi o auge de sua eloquência, depois, no máximo um thank you ao final de algumas músicas. Ótimo, afinal estávamos lá para ouvi-lo tocar e cantar e não contar histórias.
 
 
Não tinha guitarra base acompanhando, mas tinha dois tecladistas. Começou com Key To The Highway, Tell The Truth e Hoochie Coochie Man. Em seguida veio um set mais ou menos acústico que começou com Old Love. Gostei, deixou de fora batida Tears in Heaven que tocou em Porto Alegre e nem tocou I Shot the Sherif executada no Rio, que substituiu a primeira. No lugar veio Tears Us Apart. Continuou com um clássico da década de 20 Nobody Knows You When You're Down and Out, continuou com Lay Down Sally, When Somebody Thinks You're Wonderful e uma versão bem lenta de Layla. Deixou o banquinho para tocar Badge, a linda Wonderful Tonight, Before You Accuse Me, Little Queen of Spades e Cocaine. 
 
 
Para um magro bis com apenas Crossroads, voltou ao palco Gary Clarck Jr que fez a base e seu solinho assim que Clapton sinalizou para ele.
 
 
Acompanhado de duas backing vocals do tipo vale-quanto-pesa, as meninas arrasaram. Fiquei imaginando as duas cantando Gimme Shelter dos Rolling Stones.
 
É claro que para um músico com uma carreira com mais de 40 anos de sucesso, seria fácil encontrar mais umas 20 músicas que "não poderiam ter ficado de fora", mas o resultado foi muito positivo, saí feliz por ter participado dessa noite de celebração do blues. Era comum ver pessoas se abraçando de alegria por estar assistindo a essa lenda. 
 
Tirando todos os problemas de shows feitos em estádios, que já citei eu outras oportunidades, o ponto negativo desta vez fica por conta do imbecil do câmera responsável pelas imagens que mostravam os protagonistas dos shows, tanto Gary quanto Eric. O estúpido só fazia alguma imagem decente dos solos de ambos por acidente. A única explicação é que o cara deve ser pagodeiro, acostumado a mostrar tocadores de tambores, tamborins e pandeiros, onde as duas mãos estão obrigatoriamente juntas. Já na guitarra em que uma se distancia um pouco da outra, nos closes geralmente mostravam apenas a mão no braço da guitarra ou os dedos com a palheta. Faltou alguém dizer para o elemento que o som da guitarra se dá graças ao conjunto de ambas.
Como o resultado foi bastante positivo, ao sair do estádio pensei comigo de brincadeira, dá até para ficar animado e dar uma segunda chance também ao Jon Anderson, do qual também assisti o melhor (28/04/1993) e o pior (14/03/2004). Dois dias depois tive uma enorme surpresa ao saber que Jon já tinha data marcada (13/12) para fazer uma show no Palace, lugar que eu adoro. Decidido a comprar o ingresso, pesquisei um pouco mais, e descobri que, apesar de praticamente no mesmo período estar fazendo um show com Rick Wakeman pelos EUA, aqui ele vem numa versão acústica munido apenas do violão. Como este filme eu já vi, vou passar desta vez.
 
Ricardo Koetz
 
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