25/05/2013 SESC Belenzinho - Teatro Quando vemos esse
australiano de 75 anos, nascido me Melbourne, temos a impressão de ele ter sido
teletransportado de uma viagem no tempo direto do movimento Flower Power.
Inspirador de escritores da Geração Beat, formou uma comunidade rural anarquista
na França, viveu numa comunidade hippie em Maiorca a lesta da Espanha,
participou de vários projetos, mas é principalmente conhecido pela fundação das
bandas Soft Machine na Inglaterra e Gong na França. O Gong teve várias
formações e também muitas mudanças no estilo musical, seguindo algumas correntes
jazzísticas. Atualmente está voltado às raízes e faz um som mais
psicodélico. Daevid, inspirado nas
"viagens" de Sid Barret, inventou a técnica do glissando guitar, que
consiste em usar uma haste metálica para tocar as cordas - geralmente é usada a
própria alavanca da guitarra - o que gera um som próximo do produzido pelo
slide, só que usado no lugar da palheta, dando uma nova nuance ao space rock. Todos os músicos foram
excepcionais em alguns momentos, como o sax, flauta e clarinete de Ian East,
quer seja nos momentos mais jazzísticos, quer seja para preencher o maravilhoso
"caos" sonoro que se instalava nos momentos de êxtase. Nosso Fábio Golfetti - Violeta de Outono - com solos
inspirados. Daevid Allen, sem medo do ridículo, trocou várias vezes de
figurino e se mostrou com uma energia de criança.
Mas teve um músico que
foi excepcional o tempo todo, Orlando Allen, filho de Daevid, roubou a cena.
Tocou a bateria como poucos que vi até hoje, onde consegue fazer com que o
instrumento deixe de integrar a cozinha da banda, para passar a ser quase
protagonista, numa quebradeira constante, sem prejudicar a marcação. Acima, Dave
Sturt no baixo e a fera Orlando Allen. Fábio agora é membro integrante do Gong atual, com o qual tem
excursionado mundo afora. Fábio é considerado pelo próprio Daevid como o melhor
guitarrista da atualidade na técnica do glissando guitar. Gabriel,
baixista do Violeta, me contou que num show em Amsterdam, que contava com vários
guitarristas dessa técnica, Daevid anunciou-o como o melhor guitarrista do
estilo e recebeu a posição de destaque no centro, com os outros guitarristas, também muito bons, ao redor. Fiquei feliz em ver o
teatro cheio e me surpreendeu que tinha várias pessoas ao meu redor que
conheciam profundamente as músicas tocadas tocadas por mais de duas horas, contando junto, até as partes mais
insólitas, como cánticos entoados numa língua provavelmente inventada pelo
próprio Daevid, como quando nos convidou a tomar um chá, mas não se trata de um chá qualquer, no Brasil existe apenas um chá, desses especiais, o
Ayahuasca da Amazônia. Eita véio doido! |