Credicard Hall 15/05/09
Expectativa muito grande, em julho de 92, no saudoso Olympia da Rua Clélia em SP eu havia assistido, o segundo melhor show de minha vida, superado apenas pelo do Jethro Tull em 08/08/1988. Na época, esta mesma formação veio com o nome de Black Sabbath, agora, 16 anos depois vem sob o nome de Heaven and Hell, que foi o fruto do Black Sabbath de maior sucesso, dessa formação que podemos chamar de a mais clássica, da era pós Ozzy Osbourne.
Estamos falando do guitarrista Tony Iommi, considerado o maior criador de riffs da história do rock, acompanhado por Ronie James Dio nos vocais, um ser aparentemente frágil, magro, quase raquítico, um duende com pouco mais 1,60 de altura, que, no alto de seus 67 anos (!!!), transforma-se num gigante quando canta - dono de uma das vozes mais expressivas do rock, intacta até hoje. Na cozinha temos Geezer Butler, um dos baixistas mais fantásticos que já vi tocar, ao lado de Vinny Appice, um nome pra lá de respeitado quando falamos de bateristas.
A aula de rock, ministrada por um corpo docente inteiro, começou pouco depois das 22:30. Tocaram por 1h35min basicamente músicas dos álbuns Mob Rules, Dehumanizer, Heaven and Hell e do novo The Devil You Know. Como não podia deixar de ser, fecharam com Heaven and Hell e Neon Nights. Infelizmente, nunca tinha visto tantos problemas de som no Credicad Hall, no começo a voz de Dio simplesmente sumia e depois voltava explodindo nos falantes, e no camarote em que eu me encontrava o som estava estridente e alto demais.
Normalmente levo protetores auriculares para as "emergências", desta vez havia esquecido, mas nada que um pedaço de guardanapo de papel não solucionasse. Apesar disso, considero o saldo bastante positivo, o carisma de Dio no palco é sempre incrível, Iommi sempre preciso e impecável nos solos, Butler, nossa, como toca esse cara, achei que talvez fosse se acomodar com o tempo, quem sabe até por força de uma possível tendinite, mas não, na música nova Bible Black, por exemplo, os olhos não eram capazes de acompanhar as mãos, uma pela velocidade com que dedilhava as cordas do baixo, a outra pela velocidade absurda com que muda as posições - o tempo todo! E atrás, Appice maltratava a sua bateria... é como diz meu chara do Flores do Fogo, bateria é para bater, se fosse para tocar, o nome do instrumento seria tocaria.
Um ano e um dia após este show, Dio se cala para sempre, vitimado por um câncer de estômago. (10/07/1942 — Houston, 16/05/2010)
Que Deus o tenha.
Ricardo
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