1990
18-jan-1990 |
Bob Dylan - Holliwood Rock no Morumbi. Aparentemente com um humor do cão, Bob Dylan não se impressionou com um estádio cheio de gente, acompanhado de uma banda magra, apenas baixo, bateria e piano, que às vezes fazia a segunda guitarra, tocou o teve vontade e do jeito que quis. Eu curti, pelo menos não se prostituiu e gravadora nenhuma manda nele. Já muitos fãs deixaram de ser fãs naquela noite. Abriram o show Gilberto Gil e Tears for Fears. |
19-jan-1990 |
Marillion - Holliwood Rock no Morumbi. Abriram a noite o Capital Inicial, Engenheiros do Havaí e fechou o Bon Jovi, que fez o seu roquezinho poser de forma competente. Mas eu tinha mesmo ido para ver o Marillion, com seu progressivão bem trabalhado e solos de guitarra cristalinos. Acostumado a ver como frontman, o enorme ex-lenhador Fish, não consegui engolir bem o seu substituto e meio afetado Steve Hoghart. Para não dizer que tivesse sido por algum preconceito de minha parte, quando voltaram para tocar no Olympia, fui ver novamente, crente de que numa casa de espetáculos o resultado seria diferente, mas não consegui curtir o show. |
10-mar-1990 |
Stray Cats - Projeto SP. Esse quase foi O primeiro show (e único até hoje) que eu teria comprado o ingresso e não teria ido assistir. Eu disse quase, pois no final do dia começou a cair uma chuva diluviana que não parava, as ruas do meu bairro estavam alagando, e resolvi não ir, mas bastou uma pequena trégua, montei na minha brasília velha, caindo aos pedaços e saí, enfrentando bravamente as cachoeiras que se formavam nas subidas. Determinado como um peixe que encara a piracema, cheguei à Barra Funda com uns 20 minutos de atraso, mas o que vi daquele show, me fez concluir que "ter ido", foi a decisão mais acertada que eu havia tomado. O trio simplesmente arrebentou com seu rockabilly. Brian Setzer cantava e eletrizava a todos com sua guitarra, Lee Rocker tocava seu enorme baixo acústico animadamente, enquanto que Slim Jim Phantom tocando sua bateria em pé, não parava de dançar. Só não saí dançando pelo salão por tem a condição física para isso. GRANDE SHOW!!! |
12-mai-1990 |
Blues Festival Ginásio do Ibirapuera, você consegue imaginar um ginásio de esportes quase cheio para assistir a um show de blues, no Brasil, onde monstros sagrados como Magic Slim, Koko Taylor, Bo Didley, The Kinsey Report com Big Daddy Kinsey, John Hammond, Blues Machine, Brasilian Blues All Stars, pois é, isso não é delírio, isso realmente aconteceu e foi fantástico. Imagine só a jam com todos juntos no final!!! |
16-jun-1990 |
Tribo de Jah - Credicard Hall, quando fiquei sabendo que meu amigo Fauzi e sua Tribo iam fazer um show no Credicard, fui até lá apreensivo para conferir, com medo que tivesse dado um passo maior que a perna. Cheguei cedo e estava vazio, mas faltando uma meia hora para o início, o pessoal começou a chegar e deu uma lotação razoável. É impressionante o carisma e o poder que ele tem quando coloca sua voz rouca para cantar, o delírio é geral e passa a dominar a cena. Parabéns, meu amigo. |
4-ago-1990 |
Ian Gillan - Projeto SP, quanta diferença de quando está à frente do Deep Purple, parece que é tudo brincadeira, se diverte o tempo todo, enquanto o solo rola solto, fica se arrastando de joelhos pelo chão para autografar qualquer coisa que é dada a ele. Ah, claro, tem o show, toca músicas de sua carreira solo e, claro, clássicos do Purple. Depois do show, quando saia com a van, viu uma galera ainda na frente do Projeto SP, fez questão de parar, desceu e distribuiu abraços e autógrafos a todos. |
10-set-1990 |
Jethro Tull - Olympia, mesmo longe do brilhantismo que foi o show no Ibirapuera a 2 anos atrás, faz um excelente show, com Martin Barre dando um show à parte, como sempre. Foi extremamente prazeiroso ver aqueles senhores com idades de meus pai e tios, tocando um tremendo rock com tamanha dignidade. Muito legal. |
16-set-1990 |
Yes - Olympia, como não podia deixar de ser, tocaram progressivos enormes, com perfeição e virtuosismo - tudo o que fãs como eu queriam de ouvir. |
23-set-1990 |
David Bowie - Palmeiras, o show Sound & Vision de Bowie chegou no Brasil apenas com o Sound, a parte visual que seria quase tão importante, ficou lá fora - por economia, talvez. O dia estava chuvoso e caia um garoa grossa em cima do teclado, que só foi descoberto na hora do show. O palco foi mal preparado, tinha poças de água no chão e os jornais noticiaram um choque que Bowie tomou na boa ao encostar no microfone, no fundo tinha uma cadeira de madeira caindo aos pedaços, soltando lascas. Mas quem roubou a cena foi Adian Belew, que foi guitarrista e vocalista do King Crimson, por muitos anos. Ele tocava tão freneticamente que Bowie, por várias vezes se recolhia no fundo do palco e sentava-se no chão, ao lado da cadeira, como se fosse fazer ioga, deixando o palco todo para ele. |
20-out-1990 |
Eric Clapton - Olympia, está entre os 5 melhores shows que assisti. Eric mandou ver com vários sucessos de sua carreira, além de músicas dos tempos de Derek and The Dominos, Cream e Blind Faith, mas a grande surpresa foi o percussionista Ray Cooper, que teve uns 10 minutos só para ele no palco e fez uma performance indescritível.
No link abaixo vem uma constelação, Eric Clapton tocando Layla, quando ainda era novinho, com Charlie Watts (Rolling Stones) na bateria, Ray Cooper alucinado destruindo um gongo e o mais improvável, Jeff Beck dividindo o mesmo palco com Jimmi Page, aliás, pelo estado de Jimmi, desconfio que a guitarra dele foi desligada (rsrsrs). Pérolas que se não fosse a internet, dificilmente teríamos acesso. Acho que o outro guitarrista é Mark Knopfler (Dire Straits) e o segundo batera talvez seja Nick Mason (Pink Floyd), por favor me corrijam se estiver errado. http://www.youtube.com/watch?v=usdsfDARzCM |
Perdidos no tempo, nos ingressos dos shows abaixo, constam apenas o dia e mês, não consegui descobrir em que ano ocorreram, se alguém souber, por favor me informem.
31-ago-199? |
Skoll Country Festival - Palladium, foi a única vez que tomei conhecimento de um festival desse tipo, apresentaram-se bandas americanas de country, acho que foram 3 dias e assisti a 2, num deles tinha uma banda com uma moça como líder, tocava violino como ninguém. No final, convidou alguém da platéia para segurar o arco e ela tocava o violino empurrando-o contra o arco. Todas as bandas foram muito legais, pena que não anotei o nome delas e também não achei nenhum registro sobre o show. |
9-ago-199? |
Lou Ann Barton - Palladium, foi anunciada como uma moça que havia namorado e tocado com Steve Ray Vaughan, como Vaughan é o top do blues para mim, foi o suficiente para eu ir assistir. Ela tocava blues, mas não chegou a entusiasmar os presentes e também não estava exatamente empolgada. Apresentou-se com uma saia desnecessariamente curta, o que fazia com que a calcinha aparecesse de vez em quando, e, digamos, ela não estava mais lá com essa bola toda. Foi meio bizarro. |
1991
23-jan-1991 |
Queensryche, Judas Priest e Guns... - Rock in Rio II, não teve a constelação de astros do rock como foi o caso do primeiro, mas ter a oportunidade de ver o Judas Priest valia qualquer sacrifício, melhor ainda com o Queensryche, mesmo tendo que agüentar o Sepultura como primeira banda. Eu estava na área enumerada, que era acessada pelo elevador, e era comum ver pais com seus filhos pré-adolescentes. Quando o Sepultura começou, foi hilário observar a expressão de pânico dos pais se entreolhando e olhando para o filhinho como quem diz você gosta disso?
Aliás, a organização conseguiu de novo. No primeiro, colocaram o Erasmo Carlos para tocar no dia dos metaleiros, que foi expulso sem conseguir terminar o show. Desta vez colocaram o Lobão para tocar depois do Sepultura. Dá para acreditar? Pra completar, Lobão, em baixo de uma chuva de garrafas plásticas e outras coisas, chamou para o palco a escola de samba da Mangueira. Foram todos escurraçados. A ordem foi restabelecida com Megadeth, Queensryche que fez um show estupendo, Judas – F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O, sem mais comentários e Guns’n’Roses fechando de forma competente a noite do metal.. |
24-jan-1991 |
Santana - Rock in Rio II, nesta noite deveríamos estar assistindo o Robert Plant, que não veio e foi substituído – e muito bem – pelo Santana. Quem abriu foi o Serguei, o Maracanã ainda estava meio vazio, Serguei pulou a separação e foi cantar Mercedes Benz (Janis Joplin) no meio de uma rodinha sentada no gramado, muito engraçado. Depois veio Laura Finakiaro (desculpem mas não lembro de nada). Eu estava feliz por finalmente ver Alceu Valença, o som estava embolado e Alceu reclamou depois da primeira, música. Entre a segunda e a terceira, Alceu disse que ficaria lá em respeito ao público presente mas que nada do que havia sido programado em matéria de iluminação e efeitos especiais estava sendo respeitado. Quando voltou a tocar, acenderam todas as luzes de uma vez e soltaram toda a fumaça de palco que puderam. Em poucos segundos não se via mais os músicos, quando, no meio da fumaça a voz de Alceu gritou pára, pára, pára tudo! Se quem vai tocar depois de mim é o Prince, eu sou o príncipe! e abandonou o palco furioso. No meio do fuzuê, fomos informados que ele tocaria por último, depois do Prince. Para mim foi péssimo, pois não tinha a menor intensão de aturar os gritinhos do Prince depois do Santana, mas resisti bravamente até a terceira música que foi Purple Rain, quando começaram os gemidos e grunhidos. Ficou demais para mim, não suportei mais e me retirei. |
13-abr-1991 |
Asia - Dama Xoc, eu mal podia acreditar, uma super-banda tocando no Dama Xoc com a casa pela metade! Eles estavam ensaiando um volta, mas algo deu errado e acabaram não dando continuidade na turnê que iram realizar nos EUA e Europa. Sorte nossa, só nós vimos, e foi bem legal vê-los bem de perto, tocando inclusive músicas de suas bandas originais como John Wetton com 21st Century Schizoid Man do King Crimson, Carl Palmer fez aquele solo estupefante e Steve Howe arrasou no violão. |
17-ago-1991 |
Deep Purple - Ibirapuera, era a primeira vez dessa lenda no Brasil e iriam fazer 4 shows na capital de São Paulo, 2 no Ginásio do Ibirapuera e 2 no Olympia. Como este show no Ibirapuera seria numa sábado e os ingressos do Olympia eram mais caros, optei por este, mas me arrependi.
Grande expectativa, iria ver Gillan e a lenda Ritchie Blackmore, mas o show foi tenso, pessoal da arquibancada constantemente tentando invadir o setor em que eu estava, um cara caiu de cima da grade e se estatelou bem do meu lado e ainda saiu correndo, não consegui entrar no clima e me lembro de muito pouco. |
1992
Época de vacas magras, pucos shows, hiperinflação e mudança de moedas...
5-mai-1992 |
Ian Gillan - Olympia, a exemplo do show de 2 anos atrás, Gillan esbanjou simpatia, ao perceber que alguém iria fotografá-lo na platéia, parava para fazer pose ou caretas, chegou a pegar a câmara da mão de um fã para fotografá-lo no meio da platéia e devolver. Novamente clássicos do Deep Purple mesclados com boas músicas de sua carreira solo. |
23-jun-1992 |
Black Sabbath - Olympia, segundo melhor show de minha vida. Estar diante de Dio, Iommi e Buttler era a realização de um sonho, e não deixaram por menos, arrasaram, Dio, com seu enorme carisma incendiou a todos. |
22-out-1992 |
Motorhead - Olympia, tinha uma droga de uma banda nacional abrindo o show, além de colocarem o som alto, estava totalmente distorcido, horrível, fiquei com os ouvidos zunindo por dias. Motorhead tocou bem, por aproximadamente 1hr15min, achei curto e não gostei. |
1993
27-mar-1993 |
Emerson, Lake & Palmer - Palace, também está entre os melhores shows de minha vida. Quem via seus suntuosos shows nos anos 70 em estádios, jamais poderia imaginar vê-los tocando tão de perto, num ambiente intimista como é o do Palace. Absolutamente primoroso, onde demonstraram todo seu talento. Keith Emerson deitou em cima de seu piano de cauda e tocou Beethoven na posição contrária do piano. Seria a primeira vez, de muitas, que veria boquiaberto o estonteante solo de bateria de Carl Palmer, tudo acompanhado pela maciez da voz de Greg Lake. Foi fantástico! |
28-abr-1993 |
Jon Anderson - Palace, um show fantástico e surpreendente, de musicalidade ímpar, sempre procurei um CD ou qualquer coisa com as músicas daquela turnê, mas nunca encontrei. Veja a resenha que fiz na época, que foi publicada no jornalzinho da faculdade. http://www.bluesrockshow.com/jon-anderson |
28-ago-1993 |
Rick Wakeman - Olympia, a exemplo do show acima, também nunca achei nada. Um show completamente instrumental e supreendente. Também tem resenha do jornalzinho da faculdade. http://www.bluesrockshow.com/rick-w/rick-wakeman |
Finalmente a estabilidade, em julho de 1994 o Real é criado por Fernando Henrique Cardoso com Itamar Franco como presidente. O Brasil começa a prosperar e existir para o mundo.
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