Jack Bruce

Jack Bruce & His Big Blues Band
- 24/10/2012, Teatro Bradesco
 
Este escocês, nascido em Glasgow, 1943, tornou-se um dos mais importantes baixistas da história do rock, revolucionando a técnica de como se tocar este instrumento. Neste show, utilizou um baixo sem trastes (fretless), divisões metálicas comuns nos baixos e guitarras, o que permite executar qualquer nota possível dentro da extensão da corda, com variações microtonais, mas torna a execução muito difícil. Abaixo faço um pequeno resumo de sua carreira.
 
 
Ao lado de Eric Clapton, e Ginger Backer, criou o mais emblemático power trio da história. Com o Cream, Clapton foi forçado a cantar algumas músicas e começou a desenvolver esta habilidade. Apesar de um estrondoso sucesso, a banda acabou abruptamente, enquanto estava no auge. Jack em Ginger nunca se deram bem, basta dizer que antes de formarem o Cream, Ginger já o havia ameaçado com uma faca quando integravam o Graham Bond Organisation. Com o fim precoce da banda, Jack era considerado o mais bem preparado dos três músicos, além de tocar muito bem, compunha e também cantava. Foi meio na contramão e integrou o que pode ser considerada a primeira banda de fusion (fusão do jazz com o rock) da história, a Tony William's Lifetime. Outra empreitada foi o West, Bruce & Laing, um som pesado que eu adoro, principalmente o álbum Why Dontcha, mas era uma fase regada a muita heroína e também durou pouco. Em 1993 rolou uma volta do Cream, mas foi apenas um show - Clapton estava bem em sua carreira solo e não se arriscou. Jack decidiu então chamar para a guitarra Gary Moore, criando o BBM (Jack Bruce, Ginger Backer - novamente - e Gary Moore), tentando criar uma cópia do Cream, também não durou muito, tocou com inúmeros músicos, como John McLaughlin, Robin Trower e até Frank Zappa, mas nunca mais alcançou o sucesso do Cream.
 
 
Em torno de 2003, quando estava integrando a Ringo Starr & His All-Starr Band, que tinha como guitarrista Peter Frampton, foi diagnosticado com câncer no fígado, depois de ter negligenciado uma cirrose, em parte por causa da perda do filho. Passou por dois transplantes e quando estava em praticamente sua última noite de vida, o médico descobriu que um dos medicamentos anti-rejeição estavam causando uma reação violenta no organismo.
 
 
Quando eu estava em NYC, por pouco perdi um show de sua nova banda, a Spectrum Road, que tem como objetivo homenagear o baterista de jazz / fusion Tony Williams. Além de Jack, estavam no time a baterista Cindy Blackman que foi do Lenny Kravitz e Santana, e Vernon Reid, guitarrista do Living Colour, além do tecladista John Medeski, por isso, fiquei surpreso que poucos meses depois era anunciado aqui um show dele com uma banda de blues.
 
 
O show começou com um pequeno atraso nesse excelente espaço, o Teatro Bradesco, confortável, som no volume certo, acústica maravilhosa, apenas nos balcões superiores a visão fica prejudicada, no entanto, se mostrou inexperiente para o tipo de público - apesar de o segurança ser um armário de 2 x 2, sozinho não consegui conter algumas dezenas de fãs mais exaltados que resolveram deixar seus lugares para assistir White Room mais de perto. Todos voltaram sim para suas poltronas, mas na hora em que quiseram, ou seja, quando a música acabou.
 
 
Jack começou com First Time I Met the Blues (Buddy Guy), e as principais foram Politician, Born Under a Bad Sign (Albert King), a linda Theme For An Imaginary Western, com Jack assumindo os teclados, Spoonful (Willie Dixon) com um belo solo de trombone e fechou com Sunshine of Your Love. O naipe de metais sempre muito presente deu um toque especial. O baixo de Jack esteve sempre bem audível e em destaque, em alguns momentos era improviso puro em viagens de rica musicalidade.
 
 
Fechou com Mellow Down Easy, de Little Walter, um blues maneiro não muito conhecido. Acho que deveria ter terminado com alguma do Cream executada anteriormente, para dar aquela sensação de "Ah! Gozei!" :-).
 
 
Aliás, este show confirmou a minha teoria de que o "B3" é viável, idéia que me ocorreu quando eu assistia o G3. Ao invés de 3 guitarristas serem o centro das atrações poderiam usar a mesma idéia com os baixistas. Imaginem Geezer Butler do Black Sabbath, Mel Schacher do Grand Funk Railroad e Leo Lions do Ten Years After, por exemplo, ou Geddy Lee do Rush, Billy Sheehan (Steve Vai, Mr. Big...), Rudy Sarzo (Dio, Rainbow, BÖC...), por que não eleger o incansável Glenn Hughes para tocar o projeto, não seria demais? Em algumas músicas tínhamos 2 baixistas no palco tocando ao mesmo tempo, em funções diferentes, e funcionou muito bem. Fica aí a sugestão e já incumbi alguns jornalistas amigos meus a disseminarem a semente dessa idéia aos seus entrevistados baixistas. 
 
 
Bento Araújo da poeiraZine, ao entrevista-lo, perguntou-lhe sobre qual seria o presente ideal para seu aniversário de 70 anos em maio de 2013, ele respondeu "A paz no mundo, juntamente talvez de uma Ferrari GTO vermelha".
 
Agora, se você quer realmente detalhes sobre a trajetória de Jack Bruce, compre a poeiraZine 44.
 
Ricardo
 
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