John Fogerty

A alma do Creedence Clearwater Revival - em carne e osso (Credicard Hall 10/05/2011)
 
O californiano John Fogerty (guitarra e vocais), seu irmão Tom Fogerty (guitarra), Stu Cook (baixo) e Doug Cliffor (bateria) formaram em 1959 uma banda que em 1967 passaria a ter o nome de Creedence Clearwater Revival. Creedence era o nome de um amigo de John e Clearwater sua marca de cerveja favorita. Fizeram enorme sucesso por 5 anos quando, por desentendimentos, encerraram a banda. Em 1972 John declarou que nunca mais tocaria os sucessos da banda. Manteve-se firme por 13 anos até que em 1985, os amigos Bob Dylan e George Harrison convenceram-no do contrário, mas não houve reconciliação com seu irmão Tom, nem mesmo quando estava em seu leito de morte onde veio a falecer em 1990 vitimado pela AIDS contraída numa transfusão de sangue durante uma cirurgia.
 
Mais recentemente os remanescentes Stu e Doug arranjaram um cara que canta igualzinho e montaram o Creedence Clearwater Revisited, que tive a oportunidade de assistir duas vezes. Maldosamente chamado de genérico, mas simplesmente excelente, muitíssimo simpáticos e acessíveis.
 
 
Há quem dê muita importância às formações originais, fundadores de bandas, etc, eu geralmente valorizo a formação mais bem sucedida, independente de os genitores estarem presentes ou não, por isso, quando me disseram que o show era fantástico e que seria melhor do que o "genérico", procurei não me deixar influenciar e entrar com a mente limpa, mas confesso, quando John empunhou a guitarra e começou a cantar Hey Tonight, senti algo diferente que não havia sentido antes, o espírito daquela banda histórica estava materializado ali.
 
 
Calçado com uma excelente banda, aos 65 anos (66 dia 28 deste mês) correu como uma criança pelo palco, fez um show surpreendente com uns 15 hits de sua antiga banda, mais alguns de sua carreira solo, além de tocar os covers Pretty Woman de Roy Orbison e Good Golly Miss Molly de Little Richard. Foi um desfile de discos de ouro e de guitarras, raramente tocava duas músicas com o mesmo instrumento. Destaque para o baterista, que de tão bom, chega a roubar a cena algumas vezes - a camiseta branca só pode ser promessa, assisti a inúmeros vídeos deles em diversos lugares e está sempre assim. Kenny Aronoff é americano de 58 anos, com um currículo inacreditável, maior que esta minha resenha, passando por nomes tão variados como B.B.King, Smashing Punpkins, Elton John, Tony Iommi, Lynyrd Skynyrd, Alanis Morissette, Meat Loaf, Alice Cooper, Willie Nelson e mais uns 300.
 
 
Apesar de muito simpático no palco, parando entre músicas para falar com os fãs mais próximos, distribuir palhetas e até dar alguns autógrafos, um amigo que trabalha na casa e conviveu mais intimamente diz que longe do público a coisa é bem diferente.
 
Pontos a lamentar:
 
- o show de Curitiba foi cancelado, acredito que por falta de público, e duas noites em São Paulo foram demais, tinha quase metade dos ingressos sobrando em ambos os dias. Acho que deve ter havido uma falha na divulgação e que talvez as pessoas não ligaram o nome aos sucessos do Creedence, pois não posso crer que as pessoas não tenham consciência da importância deste homem. Quem sabe não esteja na hora de as casas de espetáculo colocarem novamente os preços à patamares mais próximos da realidade. Afinal é preferível reduzir um pouco os lucros e ter a casa bombando, do que almejar lucros exorbitantes e passar por situações como essa.
 
 
- a primeira do bis foi ótima, Rockin' all Over the World, mais conhecida na versão do Status Quo. Quando estava na segunda, Proud Mary, um fã mais exaltado subiu no palco e foi em direção ao artista. Até aí, nada de novo, no entanto John se assustou e tentou se esquivar, mas estava solando e tinha dado o tempo certo para ele voltar ao microfone para continuar a cantar, o sujeito, no lugar de apenas fazer uma reverência ou tocá-lo, quis agarrá-lo dando-lhe um tranco com uma meia chave de braço no pescoço, o que quase o derrubou. Desiquilibrado voltou para o microfone, mas completamente atordoado, andou pelo palco meio perdido, perdendo o tempo da música, esquecendo letra e demorando para achar o rumo novamente. O custo disso? Encerrou o show no fim da música e não voltou para o segundo bis que havia feito no domingo. Graças a um idiota, perdemos o que talvez teria sido a cereja do bolo, já que Suzie Q ainda não tinha sido tocada.
 
 
Um violão, quatro guitarras e um baixo alinhados durante The Old Man Down the Road.
 
Abaixo está o link para The Old Man Down the Road, uma música que não seria a que melhor representaria o show, já que ao lembrar de Creedence, sou quase que imediatamente transportado para as músicas de quermesse de maior sucesso dos tempos de minha adolescência, mas esta foi uma menos batida, de sua carreira solo, tem uma tremenda veia rock'n'roll e um suingue muito legal que me empolgou. Obs: o vídeo tem uma falha e aos 3:35min, emudece, mas dá bem para ter uma noção.
 

Vídeo do YouTube

 
Have you ever seen the rain?
 
Ricardo
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