15/12/2022 Judas Priest – Vibra São Paulo (Credicard Hall) – abertura: Pantera O Knotfest é um festival com mais de uma dezena de bandas e aproximadamente 12 horas de duração, que ainda aconteceria a dois dias dessa noite. De todas as bandas que se apresentarão, eu só me interessaria pelo Judas Priest, que, para minha sorte, teve um show agendado para esta noite. Assim que eu soube, comprei o ingresso e a casa teve sua lotação esgotada. A banda Pantera (que também participará desse festival) fez a abertura. Qualquer coisa parecida com trash metal sempre passou a milhas de distância de meu cardápio musical, portanto, farei um breve e superficial comentário sobre o show de abertura. Pantera é uma banda Texana formada em 1981, pelos irmãos Vinnie Paul (bateria) e Diamond Darrell (guitarra). Em 2003 a banda foi dissolvida por conflitos internos e os irmãos formaram o Damageplan e, infelizmente, no final de 2004, Diamond (que nessa época usava o nome de Dimebag) foi assassinado no palco e mais três pessoas foram mortas por um “fã” com distúrbios mentais. Em 2018, Vinnie morreu de problemas cardíacos. Em
2022, depois de 21 anos de hiato, Phil Anselmo, que foi vocalista da banda junto
com Rex Brown no baixo, resolveram montar a banda novamente para um tributo,
trazendo para a guitarra o renomado Zakk Wylde, que trabalhou em nada menos que
dez álbuns do Ozzy Osbourne, lidera a banda Black Label Society, além de ter
trabalhado com um “mundaréu de gente”. Rex adoeceu e não pode participar desse show,
portanto, da “reunião” do Pantera tinha sobrado só o vocalista Phil. Da “porradeira”
toda que foi o show e minha falta de familiaridade com o repertório, me chamou a
atenção uma versão que fizeram, num único momento de calmaria, de uma
música do Black Sabbath, Planet Caravan. Judas Priest K.K. Downing e Glenn Typton
sempre foram a força motriz das guitarras, com riffs poderosos e solos
marcantes. Infelizmente o primeiro não faz mais parte da banda há dez anos e o
segundo foi forçado a se aposentar por causa do Mal de Parkinson. Da formação
mais tradicional da banda restou a sua principal identidade na figura insubstituível
do vocalista Rob Halford,... o baixista Ian Hill e... o baterista Scott Travis, que ocupa o
banquinho desde o final dos anos 1980 (como mostra seu semblante, aparentemente de ótimo
humor durante todo o show). Mas, me perdoem os outros
integrantes, eu estava lá para ver Rob, com seus 71 anos lançando sua marcante
voz às alturas e seus agudos ao extremo. Foi fantástico vê-lo praticamente ao alcance
das minhas mãos... Se eu soubesse, teria tentando conseguir um autógrafo no seu
livro. War Pigs, do Black Sabbath, tocada
nos autofalantes indicou que o aguardado momento estava para começar. A
apresentação iniciou com The Hellion/Electric Eye. O que se seguiu foi um desfile
de clássicos e jaquetas (Rob praticamente tinha uma para cada música), regados a carisma
e muita simpatia. Andy Sneap, no lugar de Glenn Typton, está no
Judas desde 2018 e é um grande produtor musical que já trabalhou com nomes como
Accept, Dream Theater, Saxon, entre muitos outros. Ritchie Faulkner substituiu K.K. Downing e
tocou pela primeira vez com o Judas já em 2011. Com
o natal se aproximando, Papai Noel chegou adiantado para mim, com seu trenó motorizado, e
o meu presente, como o de todos que lá estavam, foi saber que ele estava bem e com a mesma disposição de sempre. O bis se inicia com o som
de uma Harley Davidson que traz Rob dos bastidores para cantar Hell Bent for
Leather, seguida da inevitável e absolutamente obrigatória Breaking the Law. Living
After Midnight foi a última da noite. Quem quiser saber mais sobre essa
figura ímpar, existe o livro de sua autobiografia “Confesso!”. Para ser bem
superficial, nele Rob fala com sinceridade explícita
sobre: o seu homossexualismo que era trancado a sete chaves, problemas de
aceitação, medo de que seu segredo – se revelado ou descoberto – pudesse
destruir o Judas Priest, relacionamentos destrutivos, abuso de drogas e, por
fim, a volta por cima de tudo isso. Apesar de pesado em alguns momentos e de
não poupar o leitor de certos detalhes, a leitura prende e flui com facilidade,
mas... só a recomendo a quem tiver o respeito pelo ser humano acima de tudo e
estiver preparado para descobrir que o seu “Metal God”, como é chamado, foi,
por muito tempo, uma pessoa frágil e desesperada. Num mundo que consome predominantemente seriados de pessoas com
poderes sobrenaturais, filmes com vampiros apaixonados, zumbis do apocalipse e super
heróis no metaverso; alguns talvez se sentirão mais confortáveis em continuar
conhecendo apenas “Batman”, sem se aprofundar nas questões demasiadamente
humanas de “Bruce Wayne”. Diante de uma discografia tão extensa, mesmo tocando por uma hora e meia, muitas de minhas músicas preferidas ficaram de fora. Espero que Rob Halford continue gozando de boa saúde e que possamos vê-lo novamente em breve. Ricardo Koetz - ricardo@bluesrockshow.com |
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