Kinsey Report

New Orleans em Sampa - 05/08/1994 Bourbon Street
 
O mais recente espaço musical criado tem por objetivo reproduzir a magia e o aconchego dos bares de New Orleans. Com capacidade de abrigar perto de 450 pessoas, a proposta do Bourbon Street é de criar um espaço requintado e de bom gosto para o Blues e o Jazz em São Paulo.
 
Para provar que não estão de brincadeira, contrataram para tocar por quase uma semana, na inauguração das atrações internacionais do bar, ninguém menos do que o mestre B.B. King.
 
Depois de meses de funcionamento e de inúmeras boas referências, resolvi conferir pessoalmente. Com manobrista na porta, o primeiro choque ficou por conta do porteiro; um negrão de estatura mediana, mais de 50, com uma enorme cartola e vestido com um daqueles smooking's engraçados que costumamos ver nos filmes do tipo "Irmãos Caras de Pau".  O segundo choque ficou por conta dos frequentadores: extremamente bem vestidos, ao contrário do que se espera encontrar num show de blues.
 
Mas a surpresa maior ainda estava por vir: em média 14 reais de couvert artístico de terça a quinta, 18 para as sextas e sábados e mais 7 de consumação mínima independente do dia - por cabeça. Aos domingos e segundas você pode aluga-lo para promover o evento que bem entender. O bar costuma funcionar diariamente no happy hour, à partir das 17:30 hs, com um pianista tocando ao fundo, uma mocinha cantando ou então, uma dupla de sax e guitarra. Nos intervalos são exibidos vídeos de shows de blues.
 
No cardápio podemos pedir desde uma porção de pipoca até jantares completos. As bebidas vão das triviais aos complicados drink's de cores extravagantes, enfeitados com rodelas de  abacaxi, kiwi, cerejas, uvas e ramos de hortelã - fazendo com que se pareçam mais com uma floresta tropical exótica do que com algo bebível. Pedi um que achei iria precisar de uma foice para acessar o canudinho, o pior é que são gostosos.
 
E o show? Ah, sim! O show foi bom. A atração da noite de sexta (05/08/94) foi uma banda formada por 4 negros que tocam um bluesão pesado - o Kinsey Report, que eu já havia visto uma vez  tocando no Blues Festival do Ibirapuera, com o seu "Big  Daddy Kinsey".  Desta vez papai ficou em casa (pena, seu vozeirão fez falta), mas os três irmãos e mais o amigo não fizeram feio. Tocam um blues contemporâneo tipo Robert Cray, no início, mas sem preconceito com relação a outras tendências musicais, pois o mano mais velho já tocou até com Bob Marley, logo, não faltou um reggaezinho para balançar o esqueleto.
 
Talvez essa seja a principal característica do grupo. O som se parece com coisas que já ouvimos, mas eles têm uma habilidade especial em dar rumos dos mais inesperados às músicas. As vezes estão tocando um autentico blues quando de repente ele evolui para um swing reggae, do soul ao  blues ao funk e assim por diante; mas sempre com peso. Para encerrar tocaram Purple Haze do mestre Hendrix (favor não confundir com Purple Rain do asqueroso Prince).
 
Ricardo Koetz
 
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