É pessoal, eu sei que 10 entre 10 que curtem rock gostam de AC/DC, mas no meu caso, esta banda está longe de ser uma de minhas preferidas, por isso, não fui ao show deles no Morumbi, em dezembro último. Encarar um show em estádio, chegar com 5 ou 6 horas de antecedência, ficar mal acomodado, assistir de pé, ser extorquido desde o momento que se compra o ingresso até a cerveja a 6 reais, isso para não falar das condições de higiene de um lugar desses, etc, etc, só mesmo uma razão muito boa para eu encarar. Os mais de 70 mil ingressos esgotaram em poucas horas. É claro que ficou uma pontinha de arrependimento, pois hoje são um dos maiores espetáculos do rock, dois telões gigantescos de alta definição ao lado dos palcos, maria-fumaça no palco, canhões, explosões, pirotecnia e efeitos especiais, além de um hard rock de qualidade. É, só posso ter algum parafuso a menos para perder isso. Bem, fica pra próxima.
Também perdi o Glenn Hughes que tocou neste mesmo mês em uma pequena casa na Cardeal Arco-verde, já havia visto the voice of rock cantar algumas vezes, até já tive a oportunidade de trocar algumas palavras com ele e tirar algumas fotos ao seu lado. Estava viajando e não deu.
Fogo no Morumbi (30/01/2010)
Neste último dia 30/01 tocou o Metallica no Morumbi. Ah, mais um show de estádio, não vou! Como os ingressos esgotaram rapidamente, a organização abriu um show extra para o domingo, enquanto isso, Nícolas, meu filho, ficou ouvindo a banda e passou o sábado assistindo o DVD que gravaram com uma orquestra, e começou lentamente a minar minha resistência. Finalmente no domingo manifestou o desejo de ver a banda. Expliquei o esquema, mas não consegui desestimula-lo. Ponderei bastante, seria a oportunidade de leva-lo para conhecer o estádio de seu time, dificilmente eu faria isso num dia de jogo de futebol, as vendas para o segundo dia estavam fracas e prometia ser tranquilo, além disso seria uma experiência que ele certamente guardaria para o resto da vida.
Ok, domingão, 16hs chegamos ao estádio, adquirimos os ingressos sem dificuldades e aguardamos longas 5 horas para ver o show. Pior, toda minha vida em que assisti shows em estádios, sempre tiveram bandas de abertura que eu não queria ver, muito menos ouvir, normalmente com a qualidade de som péssimo. Neste quesito, duas bandas que eu ojerizo sempre tiveram o dom de me perseguir, Titãs e Sepultura. Há, adivinha qual tocou? Já fazia mais de 10 anos que eu não era obrigado a presenciar o som dos caras, ao contrário do Metallica, não consegui perceber qualquer traço de evolução no som do Sepultura, mesmo com a troca do vocalista. Tive a impressão de que continuam fazendo a mesma porcaria que faziam a 20 anos atrás. Para os fãs fiéis isso deve ser bom, pois o Metallica quando amaciou e começou a fazer sucesso, dividiu os fãs que racharam de vez quando gravaram o S&M com a orquestra. A mudança afastou os mais radicais e conquistou um novo público, no qual me incluo, com o seu som bem mais trabalhado e "melódico".
Eram quase 21hs quando o Metallica subiu ao palco para dar uma aula de quase 2 horas de metal. Tocaram absolutamente todos os sucessos do black album, onde também não faltaram Master of Puppets, One e outros pesos do início de carreira, fechando inclusive com Seek and Destroy dos tempos em que Dave Mustaine era o vocalista. O palco era simples, com um telão enorme atrás dos músicos e 2 menores, de qualidade inferior, ao lado, mas quatro lança-chamas, 2 de cada lado do palco geravam labaredas da altura do estádio junto com alguns menores distribuídos pelo palco, que fizeram a alegria da galera quando acionados em momentos certos durante algumas músicas, também não faltou um pouco de pirotecnia. O show acabou e os músicos custaram a deixar deixar o palco, foram de um lado a outro, distribuindo baquetas e palhetas, ou simplesmente olhando a platéia presente. Acho que gostaram tanto quanto nós. Em síntese, foi um show de peso, energia e qualidade.
Fato inusitado: próximas a mim, mas distantes uma da outra, duas vovozinhas, seguramente na casa dos 70 assistiam ao show, uma delas sabia melhor as letras do que eu e agitava mais que muito metaleiro de boutique presente.
O absurdo ficou por parte da organização. Como a vendagem foi baixa, o pessoal que comprou arquibancada foi desviado para a pista e as arquibancadas foram fechadas ao público. Mesmo assim, o gramado ficou com no máximo 3/4 da lotação. Um amigo que chegou depois das 17hs disse que já encontrou uma fila enorme para comprar ingressos, com poucos caixas funcionando, o que gerou tumulto, 4 horas depois ainda não tinha conseguido comprar o ingresso e desistiu. Pessoas que tinham comprado pela internet também não conseguiram retirar o ingresso na bilheteria. Ele calcula que pelo menos 5 mil pessoas deixaram de assistir ao show por causa do despreparo das pessoas envolvidas.
Nova maratona a caminho
Depois de um 2009 relativamente fraco de shows, março terá uma maratona para todos os gostos. Veja o que já esta agendado:
27/02 - Vince Neil do Motley Crue.
09/03 vem novamente o holandês Focus de Thijs Van Leer, com quem já passei bons e hilariantes momentos.
10/03 é a vez do popzinho bacana e bem comportado do A-ha.
13/03 a bande de Axl Rose, o Guns n' Roses toca no Palmeiras, depois do longo jejum de shows e novos trabalhos, torci o nariz, mas já ouvi falar que vem com uma tremenda banda com 8 integrantes, dos quais 3 são guitarristas.
19/03 toca o Dream Theater com seu prog-metal bem trabalhado.
19/03 também toca o grande mestre do blues BB King, no alto de seus 84 anos. Apesar de preços proibitivos (até R$ 600), será a última oportunidade de vê-lo por aqui.
Em 10/04 tem o Epica tocando o seu metal sinfônico, com a linda, doce e simpaticíssima mezzo-soprano Simone Simons, mas tem como contra-partida o mala Mark Jensen de voz horrenda!
Também em 10/04 toca o piradão Blackie Lawless, com sua banda W.A.S.P., vocal muito legal e metal bem competente.
Em 20/05 vem os barbudos do ZZ Top com seu excelente blues rock.
Em 22/05 é a vez do lendário blueseiro albino Johnny Winter, apesar de bastante debilitado pela idade e principalmente pela heroína, vale a pena conferir.
Disso tudo, apenas posso garantir que esses dois últimos eu não perderei, pois os ingressos já estão em mãos.
Long live rock'n'roll
Ricardo
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