Mötley Crüe

Pose, mas com talento. Credicard Hall (10/05/2011)
 
No final dos anos 70, o surgimento da disco music fez um estrago enorme nas bandas de rock, que passaram a sofrer de uma crise de identidade, pois as gravadoras começaram a exigir coisas mais comercias. Poucas bandas saíram ilesas, algumas sucumbiram, outras produziram trabalhos horríveis tentando parecer com algo diferente do que as consagrou. Quem tomou esse caminho se complicou, pois não agradaram a quem gostava de seu trabalho original e nem conseguiram conquistar esse novo público modernoso. No meio desse turbilhão nasceram bandas que faziam um roquezinho mais comercial com um visual espalhafatoso (meio disco rebelde). Assisti sem nenhum entusiasmo o hard rock se transformar em poser rock,  em algumas situações a aparência estava se tornando tão ou mais importante que a música, o que fez com que eu passasse a explorar mais as coisas "antigas", diga-se de passagem, tem tanta coisa boa, que até hoje ainda me surpreendo com descobertas daquela época - como consequência talvez minha percepção auditiva tenha negligenciado, dentro dessa nova safra, coisas que tinham algum valor.
 
 
Me dirigi ao Credicard Hall, sem grande entusiasmo e sem ingresso. Por sorte ainda restavam alguns em todos os setores e escolhi dos mais baratos, a Platéia Superior, apesar de meus amigos irem de pista. Como nada é por acaso, graças a isso, agora tenho dois novos amigos - de Roraima!
 
 
Na foto acima, a banda de abertura Buckberry, poser, diria que num meio caminho entre Guns e Bon Jovi. A banda era boa mas não gostei da voz do vocalista, multi-tatuado, corpo escultural, gostava de ficar de costas, rebolar e ficar batendo um pandeiro meia-lua na bunda, isso quando não juntava os pesinhos e dava pulinhos curtos com as mãozinhas levantadas. Digamos que me atrapalhou na assimilação da parte musical da banda. Preconceito? Não, é conceito mesmo. Hahaha, que maldade.
 
 
No intervalo entre os shows senti a falta de pulso por parte dos seguranças, ao tentarem sem veemência desestimular que as pessoas se aglomerassem em pontos de passagem. Foram eficientes sim em não permitir que deficientes, cadeirantes ou acompanhantes de cadeirantes se posicionassem, com cadeiras móveis, num ponto que desse condições mínimas de se assistir ao show. Ah, aqui não pode, recue a sua cadeira. Mas não mostraram valentia para os garotos que estavam querendo se mostrar e testar os limites, não foram reprimidos pra valer no início, isso fez com que a baderna atingisse seu ápice durante a  execução de Dr. Feelgood, quando chegaram ao ponto de mostrar o copo plástico com cerveja pela metade para o segurança e depois atira-lo em cima dos camarotes e pista, logo abaixo. Os seguranças se limitaram a chacoalhar a cabeça negativamente. Infelizmente não é a primeira vez que vejo a situação fugir ao controle deles nesta casa de espetáculos. Ao retirar do local o primeiro que tentar por as asinhas de fora, ou no mínimo ameaça-lo seriamente, ele serviria de exemplo e todos os outros recuariam, afinal ninguém quer ficar sem ver o show, mas quem os treinou deve ter esquecido de mencionar esse detalhe.
 
O esquisitão Mick Mars, andando com um pouco de dificuldade, deu seu show de guitarra. (Não teve solo de bateria.)
 
Tommy Lee deixou sua bateria para presentear a galera com uma garrafa aparentemente de Whiskey. Os seguranças não gostaram de ver uma garrafa circulando entre o público, mas quem é que seria besta para desperdiçar um souvenir precioso destes na cabeça de alguém?
 
 
Lembro-me que 2 fatos chegaram a me chamar a atenção para o Mötley Crüe, um foi o de uma atriz loirinha, linda de morrer ter se casado com um deles, já que a fama do grupo sempre foi de muitas drogas e orgias da pesada. Apesar da aparência suspeita, gostam de mulheres - muitas. A outra foi mais recente, em que, um dos caras mais doidões da história na minha opinião, Ozzy, conta em sua biografia que os caras do Mötley Crüe eram muito mais loucos que ele e cita uma passagem que eu não me atrevo a contar aqui.
 
Os megatatuados tocaram vários clássicos que eu conhecia bem como Shout at the Devil' 97, Same Ol' Situation (S.O.S), Dr. Feelgood, Girls, Girls, Girls, mas destacaram-se para mim Smokin' In the Boys Room em que foi feita uma homenagem a Gary Glitter, o criador do Glam Rock, usando para introdução e finalização um riff de uma de suas músicas, e, sem dúvida, a linda balada Home Sweet Home, em que o baterista toca o teclado.
 
Mötley Crüe se cumprimentando ao final da execução de Home Sweet Home
 
Enfim, fiquei feliz em ter ido, pois assisti a um bom show, bem acima de minhas expectativas.
 
E viva o laquê, a maquiagem, o talento e o ROCK'N'ROLL!!!
 
Ricardo
 
 
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