Nightwish‎ > ‎

2012

 
12/12/12 - e o mundo não acabou... (Credicard Hall)
 
 
Para a abertura foi convidada a banda gaúcha Tierramystica, que faz uma interessante mistura de instrumentos andinos como a flauta, zamponha, bombo leguero, charango, com os aparentemente díspares instrumentos tradicionais do rock.
 
 
Às vezes tínhamos duas zamponhas e uma flauta contrastando com o peso do metal melódico. Fizeram um show muito legal.
 
 
Quando falamos de Michael Schumacher, estamos falando de um gênio, hepta campeão da Formula 1, quebrou praticamente todos os recordes desse esporte, mas é inegável que possui lá seus defeitos. Tuomas Holopainen também é um gênio, aliás, quando falamos de Nightwish, estamos falando de Tuomas, unipotente líder, dono e deus da banda, os outros integrantes são meros coadjuvantes, descartáveis... Por que eu digo isso? O último trabalho, Imaginaerum, na composição, não teve a participação de nenhum dos outros integrantes da banda, saiu tudo da cabeça de Tuomas, que tinha voltado da Dark Passion Play Tour e enquanto os outros estavam descansando, ele produziu esta obra prima. Além de serem gênios, o que tem Tuomas em comum com Schumacher? Tuomas também é um filho da puta. Veja bem, sou fã dos dois, mas suas falhas de caráter são indisfarçáveis.
 
 
Faz uns 10 anos que li uma reportagem da Rock Brigade, em que o repórter que acompanhou a banda por um dia inteiro aqui no Brasil, ficou pasmo com a falta de consideração da banda para com sua vocalista Tarja, que na oportunidade estava muito gripada e ardia em febre. Durante um dia inteiro, nenhuma vez algum dos integrantes se dirigiu a ela, perguntando se ela estava melhor ou demonstrando qualquer preocupação. Eis que, em 28 de setembro, pouco mais de dois meses atrás, em plena turnê do novo álbum, em Denver, nos EUA, Anette passou mal e foi internada. Apesar disso, sem ser comunicada nem nada, o show à noite foi realizado, sendo substituída por Elize Ryd e Alissa Wyite-Gluz, das bandas Amaranthe e The Agonist, respectivamente. Como qualquer pessoa normal, Anette deu um piti básico, manifestando publicamente o descontentamento. Então, pense bem, Tarja que era uma deusa, adorada pelos fãs, foi demitida no final de uma turnê de enorme sucesso, para demitirem Anette não esperaram nem o fim da turnê, tomou imediatamente um pé na bunda.
 
 
Para seu lugar foi recrutada a bela holandesa, Floor Jansen, um monumento de mulher com 1,84m mais os sapatos de salto-alto, ex-After Forever e ex-Re Vamp, que entre outras coisas é compositora, arranjadora, orquestradora, cantora lírica e popular, multiinstrumentista (piano, flauta e guitarra), letrista e professora de técnica e interpretação vocais. Não é qualquer uma, mas certamente não é garantia de nada no Nightwish.
 
 
Floor foi comemorada pelos fãs que nunca viram em Anette uma substituta a altura de Tarja, basta lembrar do fracasso que foi a última turnê deles por aqui. Dessa vez, o Credicard Hall não estava lotado, mas devia estar com quase 70% da lotação, me parece que no Rio esgotou.
 
 
A outra novidade dessa turnê foi a incorporação à banda de Troy Donockley, que já vinha trabalhando com a banda desde 2007. Inglês, multiinstrumentista, mais conhecido por tocar uma gaita irlandesa  (uilleann pipe ou piobh uilleann), de timbre suave, que casou muito bem com o som da banda. Ao contrário da gaita de fole escocesa que é soprada pela boca, essa é soprada por um fole preso por uma alça perto do cotovelo e é "bombada" pelo movimento do braço. Troy também cantou e tocou flauta em algumas músicas e mostrou grande intimidade com o guitarrista Emppu Vourinen, que num certo solo, por alguns instantes tocaram com as testas coladas.
 
 
Tirando o pircing, que de vez em quando parecia um catarro pendurado no nariz, Floor Jansen é linda, simpática, sedutora, radiante, muito expressiva e tem uma ótima voz, no entanto, Imaginaerum foi composto para a voz de Anette Olzon e as músicas ficaram muito boas na voz dela, o resto que já foi feito é para Tarja, e aí estava o problema, Jansen não é Anette nem é Tarja, o que fez com que as coisas não soassem exatamente como deveriam ser.
 
 
Não estou dizendo que não gostei da voz de Jansen, apenas estou dizendo que seria estranho ouvir as músicas dos Beatles cantadas pelos Rolling Stones ou vice-versa, poderia ficar interessante, mas não deixaria de soar diferente, no caso do Nightwish talvez seja um pouco pior, pois Jansen, repito, excelente voz, consegue se assemelhar às duas vocalistas que ela substitui, mas não chega lá nem cá. Tomara que seja apenas uma questão de me acostumar novamente a essa mudança, além disso, oficialmente ela consta apenas como convidada.
 
 
Marco Hietala quando canta, tem um timbre e uma energia contagiante que dá vontade cantar junto, como acima em I Want My Tears Back.
  
 
Qualidade de som limpa e cristalina - excelente, como poucas vezes ouvi e o volume não estava excessivo. O show foi focado no novo trabalho Imaginaerum, excelente como já disse, que será trilha sonora de um filme homônimo. Para minha surpresa, tocaram inclusive a circense Sacaretale, que eu realmente gostaria de ter ouvido na voz de Anette. A música de cabaré Slow, Love, Slow ficou de fora, mas certamente é um grande desafio definir um set list para esta banda, com sete álbuns de estúdio lançados, numa média de 1 a cada dois anos. Para terem uma idéia, se resolvessem executar qualquer um deles na íntegra, seriam bem recebidos pelo público.
 
 
Manja aquelas músicas que de tão boas, são irretocáveis e qualquer mudança nela é um sacrilégio? Pois essa música é Whishmaster, que foi tocada de forma ligeiramente diferente da original e com uma voz com a qual não estou acostumado...
 
Tradicionalmente, tocam sempre um cover nos shows e a escolhida dessa vez foi Over the Hills and Far Away do Gary Moore, mas estava longe de ser uma surpresa, já que é dos tempos da Tarja. De outros trabalhos tocaram também Wish I Had an Angel, Nemo, entre outras.
 
 
Tuomas realmente acreditou no potencial desse álbum, praticamente 50% do show foi dedicado a ele, a última música executada foi Song of Myself de mais de 13 minutos e não fizeram bis. Acima estão se despedindo com a instrumental orquestrada Imaginaerum ao fundo. Ao se despedirem do público tinham 4 fotógrafos visíveis no palco fotografando-os, com o público incendiado.
 
Ótimo show, nota 9 para mim, vamos ver qual será o próximo passo de Tuomas, que aparentemente ainda tem dentro dele uma enorme jazida para ser explorada.
 
Ricardo
 
Comments