Renaissance

25/05/2017 - Espaço das Américas
 
Mesmo trazendo à tona o que a maioria já sabia, assistimos enojados a toda podridão política exposta até às vísceras, não sobrando partido ou ideologia que se salve. Mas, graças a Deus, do outro lado da balança existe a arte, que tem o poder de nos transportar para uma outra dimensão onde fui reencontrar mais de duas dezenas de amigos, que praticamente só se vêem em shows. Assim, esquecemos nossa triste realidade e confraternizamos num clima de euforia durante os momentos que antecederam a mais um grande espetáculo.


Com Annie Haslam prestes a completar 73 anos, fui sem a expectativa de ouvir grandes performances vocais daquela que tem a voz feminina mais espetacular do rock progressivo. Achei que provavelmente cantaria músicas que exigissem pouco da voz.


Logo na primeira música - Prologue - desconfiei que pudesse estar enganado. Para pulverizar qualquer dúvida veio em seguida Carpet Of The Sun, mas o que surpreendeu mesmo foi ouvir as músicas do disco novo onde ela atinge agudos excepcionais, arrancando de mim gritos e urros incontroláveis de satisfação. 


Foi aplaudida de pé pela primeira vez na noite depois da execução de Grandine il Vento.


A necessidade premente de ter aquele novo trabalho me fez levantar duas vezes para ir até a mesinha que vendia CDs, quadros e camisetas, mas o vendedor também estava assistindo ao show e só voltou no final do bis.
 

Vê-la cantando ainda melhor do que há anos atrás deixou a todos em êxtase e me emocionou várias vezes.
 

A banda tocou todos temas com perfeição, o tecladista Rave Tesar e...


... Mike Lambert se mostraram também em ótima forma. Mike morou muitos anos no Rio e hoje está vivendo em São Paulo. Ele vive part time, metade nos EUA, metade no Brasil. Foi casado com a atriz Sonia Braga e tem um ótimo organ trio, com a canadense Vanessa Rodrigues, que também vive no Brasil, e o batera Alemão, de Niterói.


Simpatissíssima, interagia com o público e contava algumas histórias. Durante Let It Grow, parou de cantar dizendo que achava estar errando na letra, esticou o pescoço para ouvir o que o público estava cantando e entrou novamente no ritmo. Quando a música acabou, desejou que quando voltássemos (reencarnássemos), que não voltássemos como músicos, pois a vida deles é dura.


Quando estive no Nearfest em 2012 http://www.bluesrockshow.com/rock-nos-eua, tirei a foto acima, mas num acesso inexplicável de muquiranisse, não comprei nenhum quadrinho dela.
 

Dessa vez não hesitei, talvez fosse minha última chance...
 

Este foi o setlist, sendo a primeira do bis Corcovado de Tom Jobim. Foi uma homenagem legal, mas sem querer parecer antipatriótico, o tom morno dessa música foi um desperdício para o potencial de voz que ela tem. Encerraram com a maravilhosa Ashes Are Burning.
 
Ficamos para tentar mais um autógrafo, fomos alertados de que ela não nos atenderia e que estava jantando. Pouco depois, gentilmente veio até nós, disse estar exausta, pediu desculpas, agradeceu-nos e se retirou.
 
Ricardo

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