Rick Wakeman‎ > ‎

2012

21/11/2012 - Teatro Bradesco
 
 
No longínquo ano de 1975 a poeira de seu estrondoso sucesso já estava começando a baixar, as turnês de seus álbuns "Viagem ao Centro da Terra" e o "Rei Artur" haviam terminado e não era qualquer um que podia bancar uma apresentação com orquestra e coral. Para a sorte de alguns brasileiros, havia naquela época um "Projeto Aquários" bancado pela Rede Globo, que visava popularizar a música clássica. Para o encerramento, a globo bancou a Orquestra Sinfônica Brasileira, o Coral da Universidade Gama Filho e convidou Rick Wakeman, que aceitou imediatamente. Em São Paulo, o narrador foi Paulo Autran. Infelizmente, com apenas 13 anos, perdi esse grande concerto.
 
 
Depois disso muita água rolou, Wakeman teve graves dificuldades financeiras, alguns problemas de saúde também, mas nunca deixou de produzir. Ser fã dele é uma árdua missão, teve ano em que lançou 4 trabalhos, tem mais de 50 discos lançadas e provavelmente nem ele mesmo sabe quantos foram. Um gênio que soube tocar como ninguém qualquer coisa que tivesse teclas e criou um estilo sonoro ímpar com seus solos de sintetizador, o único que se aproximou, mas não com tamanha riqueza sonora, na minha opinião, foi Keith Emerson, outro gênio.
 
 
Nesse meio tempo, passou mais algumas vezes pelo Brasil. A primeira, depois dessa épica de 75 foi com seu filho, que eu assisti no Olympia e que gerou a minha primeira resenha para o jornalzinho da faculdade http://www.bluesrockshow.com/rick-w/rick-wakeman. Inclusive, tem uma entrevista bastante divertida que eles (Wakeman & Wakeman - filho, Adam) deram no Jô na época. Se quiser ver a entrevista, este é o linkhttp://www.youtube.com/watch?v=N9X9CifcU0Q, tocaram num piano a quatro mãos a divertida música Burlington Arcade. Ao clicar nele você dirá puxa, a internet é mesmo fantástica, pois aparecerão atalhos para outras entrevistas legais, como a de Ian Anderson do Jethro Tull, Deep Purple, Joe Satriani, etc, todas com o Jô. Aliás, a do Joe também é divertida e toca um blues no final muito legal: http://www.youtube.com/watch?v=HmI7UHZZKHc
 
 
Como pode, alguém que produz uma obra prima como Rei Arthur ou Viagem... passar por dificuldades financeiras. Deveria existir um mecanismo que permitisse que alguém que produzisse uma obra que se tornasse um patrimônio da humanidade, pudesse viver confortavelmente enquanto estivesse vivo, não acham?
 
 
Bem humorado, disse que o álbum The Six Wives of Henry VIII foi muito importante para ele, mas que ele nunca conseguiu ter tantas esposas. Em síntese, ele viajou pelo centro da terra, visitou Cathrine Howard, Sir Lancelot, Catherine Parr, o mágico Merlin, passou pelas terras do Rei Arthur, e usou a nave estelar para visitar o Yes com Starship Trooper.
 
 
Para seu solo, o baixista Nick Beggs utilizou o "Stick Bass" com o qual o achei pouco à vontade, esse novo instrumente ainda têm muito o que ser explorado e ele o utilizou por apenas alguns minutos.
 
 
Na voz de Ashley Holt (vocalista do álbum Rei Arthur e Viagem... entre outros), sente-se um pouco o peso da idade, mesmo assim cantou muito bem, inclusive a difícil e empolgante Sir Lancelot and the Black Knight, além da bela The Visit, que eu não conhecia.
 
 
Completaram o time Dave Colquhoun na guitarra...
 
 
... e Tony Fernandes na bateria, num estilo jazzy de tocar.
 
 
Já perto do final, sua majestade pegou um teclado portátil desceu do palco, sem qualquer segurança em volta, com uma barriga digna de um rei, caminhou pelo teatro entre seus súditos, solando e dirigindo olhares para os simples mortais a sua volta, que reverenciavam-no ao fotografa-lo e abriam espaço rapidamente para permitir a passagem de sua realeza. Com quase 2 metros de altura, passou por mim e seu manto roçou meu corpo, alguns estendiam os braços para toca-lo levemente.
 
 
O inusitado ficou por conta do show extra, normalmente quando os ingressos se esgotam muito rapidamente, como foi o caso, se há espaço na agenda do artista e da casa de espetáculos, abre-se um show extra, como não era possível para nenhum dos dois, resolveram improvisar, criaram um show extra para o mesmo dia, às 23hs. O improviso não me agradou no início, pois temia que o show fosse encurtado, os improvisos evitados e os músicos poupados, para permitir gás para a segunda performance. Felizmente o show começou pontualmente às 21hs e terminou 1h50 depois, e a impressão foi que todos deram o máximo de si. Não sei como foi o show logo após, onde os músicos tiveram provavelmente menos que 30 minutos para recarregar as baterias. A julgar pelo tamanho da fila que vi na saída, a sala ficou lotada novamente. Ótimo!
 
Ricardo
 
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