Holliwood Rock - 15/01/1994
A segunda noite do festival ficou por conta dos novatos Live e Ugly Kid Joe, do barulhento Sepultura e do veterano Robert Plant.
Todos sabem que água e óleo não se misturam, contudo, os organizadores dos festivais insistem em cometer pecados mortais como colocar o coitado do Erasmo Carlos para cantar no Rock in Rio "1" na "noite dos metaleiros"; Lobão para cantar na mesma noite do Sepultura e do Judas Priest (Rock in Rio 2). Para quem não se lembra, Erasmo e Lobão foram enxotados do palco antes de atingir a metade do show. Agora foi a vez de colocar o Sepultura com os inofensivos Live e Ugly Kid Joe. Além disso, não é preciso ser gênio para entender que quem gosta de ouvir as baladinhas de Robert Plant, dificilmente iria aguentar as pouco melodiosas, tempestuosas e trovejantes incursões de dissonância musical do Sepultura - nada contra, pra quem gosta... é um prato cheio.
Apesar de se temer algum incidente mais sério, os Sepulturamaníacos, talvez inibidos pelo número de policiais praticamente triplicado em relação à noite anterior, se mostraram bastante mais respeitosos e civilizados que no primeiro Rock in Rio, permitindo que os shows transcorressem sem problemas.
Os que ainda tinham tímpanos, puderam apreciar o protagonista da noite. Ex-vocalista de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, o Led Zeppelin, Robert Plant surpreendeu.
A grande preocupação era de que Plant pudesse ter mais uma de suas súbitas crises de garganta (segundo as fontes oficiais, causa que o impediu de participar do Rock in Rio 2 - as não oficiais disseram que era medo do cólera mesmo).
Apesar de em alguns shows como no Live Aid a sua voz estar um verdadeiro farrapo, nesta noite ela estava esplêndida. Nas baladas do Led, ao fechar os olhos tínhamos a impressão de estar ouvindo a um disco.
Sua banda era bastante competente, no entanto, ele precisou colocar três guitarristas para fazer o que fazia Jimi Page, o único guitarrista do Led.
Holliwood Rock ou Pop ?
Na última noite do festival, dia 16, com Skank, Jorge Ben Jor e Whitney Huston, eu me ausentei. Só que estou tentando até agora encontrar a conexão de tais nomes com o Holliwood Rock.
Quem deixou para ver na TV, só posso dar os pêsames. Além dos comentários pentelhos no meio das músicas e intervalos comerciais que mutilavam o show, a câmara limitava demasiadamente o campo de visão, focalizando sempre um ponto restrito - os shows não são elaborados para serem vistos apenas em closes. A telinha não tem o poder de contagiar, nem de nos transportar para dentro do clima do movimento. Pior ainda, passa uma impressão artificial e pasteurizada. É impossível descrever o sabor de uma fruta para alguém. Poderemos até não gostar do sabor, mas é preciso que a comamos para saber como é. Os shows são assim.
Ricardo Koetz
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