Uma das frustrações da minha vida era ter perdido o show do Kansas em Jaguariuna. O show foi mal divulgado, era numa arena de rodeio, tinha umas duzentas pessoas assistindo, eles encurtaram o show e tocaram por apenas uma hora e quinze, mas eu havia perdido. Por isso, quando decidi ir aos EUA, resolvi ver se, por um acaso, eles não estariam tocando por lá, e estavam. O único problema é que estariam a quase 600Km de Nova York, não tive dúvidas, aluguei um carro e fui para a estrada. Não bastasse ter o show do Kansas, ele ia ser realizado no Artpark às beiras das Cataratas do Niágara, no lado oposto ao desta ponte.
Para ficar no cercadinho na frente do palco, paguei "caro", 25 dólares. Ao fundo a Rainbow Bridge que liga os EUA ao Canada.
Se você preferisse ficar sentado na grama ou no cercadinho maior, pagaria 5 (cinco) dólares!!! A maioria trouxe sua própria cadeira de armar e sobraram poucos lugares no gramado.
Marcangelo Perricelli Band abriu o show com um progressivo mais comercial, que não chegou a me seduzir.
Steve Walsh, quase não o reconheci com a barba.
Comecei a pesquisar os shows do verão americano e tive vontade de me mudar para lá por alguns meses, a quantidade de shows (maravilhosos!!!) é tão grande, que fica difícil escolher em um final de semana qual assistir. Para ter uma idéia, não vou citar os individuais como Boston ou Meat Loaf, vamos só a algumas dobradinhas: Kiss & Motley Crue, Yes & Procul Harum, The Guess Who & Three Dog Night, Aerosmith & Cheap Trick, Iron Maiden & Alice Cooper, Def Leppard & Poison, Rod Steward & Stevie Nicks, Lynyrd Skynyrd & Doobie Brothers, Grand Funk Railroad & Burton Cummings (vocalista original do The Guess Who)... Isso para não falar no Peach Fest, 3 dias de shows com The Allman Brothers Band e várias bandas paralelas de seus integrantes e convidados especiais.
Uma das combinações mais harmoniosas do rock, a guitarra de Rich Williams com o violino de David e às vezes amaciado ainda mais pelos teclados de Steve, criando momentos tão lindos quanto toda a beleza que nos cercava.
Quando falo de David Ragsdale, na verdade devemos dar os créditos a Robby Steinhardt que pendurou o violino mas foi o criador dessas lindas harmonias. Robby, que mais parecia um urso pardo, contrastava a sua aparência física com suavidade de seu instrumento, David substituiu-o bem, reproduz as musicas com fidelidade e também é muito talentoso.
Philip Ehart
O repertório foi fantástico, extraíram a nata: do primeiro álbum de 74 veio a maravilhosa Belexes, do Point of Know Return veio a própria, a excelente Paradox e Dust in the Wind, do Monolith veio On the Other Side e People of the South Wind, até do Masque tocaram a belíssima Icarus - Borne on Wings of Steel, do Leftoverture tocaram Miracles Out of Nowhere e, claro, Carry on Wayward Son a última, entre várias outras.
Sabem, houve uma época, uns 25 anos atrás, em que não dava para ir até a galeria e comprar a camiseta da banda preferida, muito menos manda-la vir pelo correio, se o sujeito queria muito uma camiseta com uma capa de disco, era preciso encontrar um artista (haviam alguns especializados), entregar-lhe a capa do vinil e esperar algumas semanas para que ela fosse pintada à mão. É o caso dessa que estou usando, e fez sucesso por lá.
Billy Greer, dono de uma voz agradável... ao fundo, o Canada.
Um dos vários solos de violino...
Eu ainda não sabia, mas este viria a ser o melhor show desta minha viagem, foi simplesmente divino.
Durante o verão, todas as terças, o Artpark organiza shows Tuesday in the Park. Passarão por aqui Foreigner, Yes, Peter Frampton, Heart, Roger Hodgson (Supertramp), Charlie Daniels Band, entre outros. No teatro tocará Bob Dylan a 60 e 40 dólares... Dá ou não dá vontade de passar uma temporada por aqui?
Se você tem curiosidade em saber como foi a furada do show do Kansas em Jaguariuna, tem uma reportagem muito legal no whisplash.net: http://whiplash.net/materias/musicalbox/081777-kansas.html
Ricardo
|
Rock nos EUA >