Em matéria de Rock Progressivo, a banda alemã Eloy é uma de minhas preferidas. Quando soube que tocariam nos EUA, num festival de Rock Progressivo que duraria três dias e teria um total de 10 bandas se apresentando, decidi que estava na hora de eu fazer acontecer, já que a chance de ver o Eloy no Brasil ser praticamente nula. Infelizmente, depois de ter a passagem em mãos, reservas feitas, ingressos comprados e visto aprovado, o seu líder Frank Bornemann foi atropelado por uma van de entrega, com sua bicicleta, na Alemanha, o que obrigou o cancelamento de sua apresentação. A frustração foi grande, mas a viagem já era irreversível.
O NEARFest estava sendo realizado pela 12ª e última vez. A cidade de Bethlehem, rica em história, encravada no verde, fica na Pennsylvania, que além de bonita é extremamente agradável. Esta foto foi tirada do 3o. piso do estacionamento do evento.
O teatro tem apenas 1002 lugares, mas foi o suficiente para fazer com que os hotéis ficassem lotados de entusiasmados frequentadores. Logo cedo no café já era possível identificar diversos fãs trajados com camisetas do festival e bandas preferidas, em acaloradas conversas sobre uma mesma paixão - a música.
O Zoellners Art Center faz parte do centro de eventos do campus universitário de Lehigh
Além do teatro, haviam salas onde as bandas e interessados podiam montar uma banca com CDs, DVDs, camisetas das bandas, entre outros. A quantidade de coisas novas era tão absurda que seriam necessários meses de pesquisa para poder assimilar um pouco do que estava sendo ofertado.
Esta era uma das maiores bancas e mais organizada, trazia seus títulos separados por país.
Aranis
A banda de abertura e talvez revelação do evento foi a banda belga Aranis. Fundada em 2002 pelo casal Joris e Jana, violoncelista e flautista respectivamente, tocam um progressivo totalmente acústico, empolgante, numa espécie de união entre a música clássica e o folk. É comum a união da suavidade do violino com a douçura da flauta. Apesar de ser uma música intrincada, é sempre melodicamente acessível. Hoje já tem 5 CDs gravados.
A banda era muito bem entrosada, ninguém lia partituras. O violoncelista Joris acompanhava atentamente cada instrumento como se fosse um maestro, por isso, não fiquei surpreso quando foi apresentado como o compositor de todas as músicas.
O gente boa David Kerman era figurinha fácil nos corredores, sempre nos cumprimentando e com um sorriso maroto na cara. Foram recebidos com entusiasmo, por um público quente que os aplaudiu de pé várias vezes. Depois de cada show, os integrantes iam para o andar superior, onde autografavam CDs e pousavam para fotos. Eu não quis ir logo no primeiro dia, deixei para ir depois e acabei ficando sem o CD deles, venderam tudo que tinham trazido.
Durante o intervalo andei um pouco mais pelas salas e acabei encontrando artistas que habitavam o meu imaginário desde a adolescência. Estavam lá Roger Dean, criador de várias capas dos antigos bolachões de vinil como Yes e Azia, Paul Whitehead das capas do Gênesis e o impressionista Mark Wilkinson, Marillion, Judas, entre outros. Chego a ter pena dessa geração que ouve músicas baixadas em mp3 ou fragmentos de obras compradas pelo iTunes, sem uma identidade, sem um rosto, sem os detalhes de sua criação, pior, sem ter acesso às capas e encartes dessas obras de arte e viajar com elas durante horas, enquanto ouve o som.
Sempre víamos as capas dos LPs e muitas vezes os integrantes das bandas, mas jamais os criadores de suas capas, agora eu tinha a oportunidade de ver algumas peças que faltavam, em carne e osso, bem na minha frente. O disco do Uriah Heep, Demons and Wizards, é uma obra prima e acabei adquirindo o pôster por US$ 25, com direito a autografo, foto e mais um bate-papo. Roger falou que estava em negociação para fazer uma exposição no Brasil, mas não tinha certeza se daria certo. Vamos torcer.
Van der Graaf Generator
O som caótico do VdGG me atraia principalmente pelo sax de David Jackson... Não sei por qual motivo, na formação atual que conta com Hugh Banton no orgão, Guy Evans na bateria, além de Peter Hammill, não existe nem mesmo um saxofonista, o que, na minha opinião, fez falta.
O angustiado Peter continua cantando como em 69, enquanto Hugh e Guy esbanjam competência, o único problema, para mim, é que existem sempre longos períodos de melancolia antes de chegar na salada sonora que me interessa.
Se alguém quiser o setlist deste ou de outro show, é só entrar no link abaixo:
Ricardo
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