Rolling Stones

27/02/2016 - Estádio do Morumbi
 
Primeiro uma pergunta: por que fazer o show num estádio jurássico, que é ruim de chegar, ruim de estacionar, instalações ruins e pior ainda para sair, quando temos um estádio moderno e confortável como o Allianz Parque? Estas queixas são da maioria, mas não minhas, deficientes físicos têm o direito de estacionar dentro do estádio, de graça, e somos muito bem tratados. Mas voltando à pergunta, a resposta é fácil, o dinossauro comporta 50% mais gente que o Allianz. Lotou duas noites com mais de 60 mil pessoas, contra 40 mil possíveis do novinho. Ah, mas na primeira vez que vieram, tocaram 3 dias seguidos no Pacaembu. Talvez naquela época nosso capitalismo selvagem era um pouco menos selvagem.

 

Por falar em capitalismo selvagem, sempre que vou a um festival grande, tem duas bandas que me perseguem há mais de 20 anos e que eu realmente detesto. Invariavelmente as bandas são Sepultura ou Titãs. Adivinha quem foi dessa vez! Desculpem-me os fãs dos Titãs, se alguém quiser saber do porque de minhas restrições a eles, explico no link a seguir e você pode comprovar que meu asco não é gratuito nem descabido: http://www.bluesrockshow.com/aerosmith/holliwood-rock-14-01-1994

Charlie Watts e sua bateria mínima.
 
Nunca fui um fã fervoroso dos Stones, mas no final de janeiro de 1995 vieram pela primeira vez ao Brasil. Naquela época, já fazia tempo que muitos consideravam um milagre Keith Richards estar vivo, achavam que poderia morrer a qualquer instante e a banda deixar de existir. Por via das dúvidas resolvi conferir de perto a banda mais longeva e famosa do rock'n'roll da história. Me surpreendi, talvez nunca tivesse visto antes um espetáculo tão profissional. O show foi perfeito.
 

Nas três vezes que vieram a São Paulo, eu assisti, e em matéria de surpresa ou efeitos, este foi o mais "fraquinho".
 

O primeiro, Voodoo Lounge Tour, em 1995, no estádio do Pacaembu, tinha como efeito especial bonecos e temas gigantescos, muitos, mais altos que o palco, que eram inflados e desinflados muito rapidamente, e que mudavam de acordo com a música tocada.
 

O segundo, Bridges to Babilon Tour, apenas três anos depois, em abril de 1998, no Estádio (pista de atletismo) do Ibirapuera, tinha uma espécie de escada magirus que saia do palco e se projetava até o meio do estádio, num pequeno palco, onde tocaram várias músicas, reconstruindo o clima dos shows de início de carreira.


Depois de um hiato de 18 anos sem se apresentar em São Paulo, veio a América Latina OLÉ Tour. Teve apenas alguns fogos no início e no final, mas, em compensação...


...tinha três telões gigantescos de alta resolução, pra baixinho nenhum reclamar que não conseguiu ver.


Ao contrário do Rio de Janeiro, Start Me Up ficou mais para o final e aqui começaram logo com Jumpin' Jack Flash, mas It's Only Rock'n'Roll (But I Like It) continuou sendo a segunda. A música eleita pela internet pelo público para ser tocada nessa noite foi a antigona She's a Rainbow, em seguida veio Wild Horses, que emocionou.


Keith Richards teve o palco só para ele para cantar duas músicas solo e mais tarde veio Miss You. Vale lembrar que o fim dos anos anos 70 e os anos 80 foram uma desgraça para muitas bandas de rock, pois as gravadoras viram a indústria da disco music fazer fortuna e fizeram pressão para que as bandas de rock fizessem algo que não estava em seu DNA. Acredito que os Stones foi a única banda que flertou com esse estilo musical e não saiu queimada, e mais que isso, ainda pode tocar o que fez na época sem perder a dignidade. 


Mas o que realmente surpreende é quando pensamos na idade dos "rapazes", Mick Jagger e Keith Richards com 72.
 

Charlie Watts com 74 e Ron Wood com seu inseparável cigarro com 68


Jagger tocando gaita, correndo e pulando sem parar, se não fosse pelas rugas a denuncia-los, poderíamos dizer que o tempo parou para eles. Time is on my side não foi tocada dessa vez, mas deveria ser sempre.
 

No momento da empolgante Gimme Shelter, a que mais gosto, uma chuvinha chata começou a cair...
 

... durou só até o meio da música seguinte, mas foi suficiente para atrapalhar a filmagem da única música que eu queria captar na íntegra. Sasha Allen, de 33 anos, do Harlem, NY, foi finalista do The Voice americano de 2013 e arrasou.


Sympathy for the Devil não faltou...


... com imagens endiabradas.


Contaram com músicos de apoio de peso, como os saxofonistas Tim Ries e Karl Denson, o tecladista Matt Clifford, o baixista Darryl Jones, que substituiu Bill Wyman, desde que se aposentou em 1993, o backing vocal Bernard Fowler, além da já citada Sasha Allen, todos currículo extenso, mas o que mais me chamou a atenção foi o tecladista acima Chuck Leavell, que já foi do Allman Brothers Band e tocou com ninguém menos que George Harrinson, Eric Clapton, Gov't Mule, The Black Crowes, John Mayer, entre outros.
 

Como contraponto à Sympathy for the Devil, foi o Coral Sampa, com 24 cantores jovens, deram um clima quase angelical à You Can Always Get What You Want, a primeira do bis... Fecharam o show com inevitável e obrigatória (I Can't Get No) Satisfaction.
 

Não sei se foi o diabo ou as drogas que os conservaram, o fato é que depois de 54 anos de serviços prestados ao rock, alguém duvida que possam estar por aqui novamente na turnê dos 60 anos de Stones, com a média de idade dos principais integrantes beirando os 80 anos?
 
Ricardo
 

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