Um pequeno grande blueseiro 10/08/1994 Bourbon Street
No dia 10 fomos conferir um mestre na arte do slide guitar, descrito assim pelo insubstituível Stevie Ray Vaughan. Voltando pela segunda vez ao Brasil Roy Rogers possui curriculum extenso: já tocou com Carlos Santana, John Mayall e mais uns tantos outros; inclusive com John Lee Hoker, que, por sinal vem patrocinando os seus últimos LP's.
Em plena quarta-feira, quase 23hs, casa lotada, entra um magro baixinho no palco, branco que nem uma lagartixa de parede, uma barbinha rala com um chapéu esquisito. Esse é Roy Rogers, que por quase duas horas levou-nos ao delírio com seu virtuosismo. Apesar de me encontrar na primeira mesa da fila, a menos de 3 metros dele e equipado com meus óculos, não dava para acompanhar os seus movimentos rapidíssimos pelo braço de seus violões e guitarra.
O baixista e guitarrista não precisavam nem ter vindo. Aliás, eles passavam minutos seguidos de braços cruzados enquanto Roy estraçalha nos solos ritmados com seus instrumentos, incendiando a platéia que aos uivos e assobios delirava. Na hora de tocar músicas no dedilhado, colocava a palheta entre os dentes trincados e arrebentava. Nem todas as músicas tinham letras, e nem precisavam, mas quando tinham eram curtas, para permitir que fizesse o que melhor sabia - solos longos no estilo slide, sem tirar o cilindro de vidro do dedo mindinho nem uma única vez.
Esse foi o pequeno grande blueseiro que esquentou nossa noite fria de quarta-feira.
Ricardo Koetz
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