A máquina perfeita - Morumbi 08/10/2010
O power trio canadense mais famoso e bem sucedido da história do rock, mundialmente conhecido pelo seu virtuosismo, é o 3º grupo de rock que mais ganhou discos de ouro ou platina consecutivos, ficando atrás apenas dos Beatles e dos Rolling Stones. Em 2002, quando vieram pela primeira vez, cheguei com “apenas” 3 horas de antecedência ao estádio do Morumbi e acabei pegando um lugar péssimo. Prometi que se tivesse a chance de vê-los novamente, a próxima vez seria bem diferente, e foi!

Quando acordei, tentei me preparar psicologicamente para o estresse que é um show de estádio e imaginando quais seriam os espetáculos que ainda teriam o poder de fazer-me assisti-los em tais condições. Felizmente existem apenas uns poucos e remotos, como o Pink Floyd, caso se reunissem novamente, ou algum de seus integrantes, por exemplo. Respirei aliviado de certa forma, pois seria improvável a curto prazo. Por ironia do destino, poucas horas depois, recebi a notícia de que Paul McCartney, depois de 17 anos voltaria para um show em novembro. É... não posso perder minha provavel última oportunidade de ver um Beatle ao vivo.


Cheguei com quase 5 horas de antecedência ao mesmo estádio. Mesmo correndo o risco de ficar na chuva e de ter que ficar por aproximadamente 8 horas de pé, encarei a pista, pois dessa vez eu queria garantir, pelo menos uma boa qualidade de som, por isso, escolhi a pista “Premium” que garante uma proximidade maior do palco. Como normalmente faria, me posicionei no fundão, longe da muvuca do gargarejo, no entanto, por força de um grupo de amigos acabei ficando a poucos metros do palco. Mesmo sabendo do sacrifício que me esperava, foi como um sonho ver uma das bandas mais competentes do rock de tão perto.


Não consigo me recordar de nenhuma banda que tenha mudado\evoluído tanto o seu estilo, sem perder os seus fãs e sempre conseguindo renová-los. Iniciaram com The Spirit of Radio e com sua Time Machine - nome da turnê - passou por diversas fazes de sua carreira, como Time Stands Still, Presto, Subdivisions... quem quiser o set list, é fácil de achar no google. E depois de uma hora e vinte, fizeram uma pausa, justificando-se jocosamente que em função da idade avançada de seus integrantes iriam fazer uma pausa. A segunda perna foi de aproximadamente 1 hora e 40, mais focada na fase mais antiga, abordando bastante o álbum Moving Pictures, que é considerado um marco de passagem na carreira deles. Continuaram viajando no tempo com com Tom Sawer, YYZ, Closer to the Heart, 2112..., inclusive para o futuro, tocando as belas BU2B (esta na primeira parte do show) e Caravan que apenas serão gravadas em 2011 para um novo álbum. Tampouco deixaram de lado as instrumentais em que a qualidade dos músicos é mais exigida, criando uma atmosfera sônica incrível.

Aquele tradicional solo de bateria, muitas vezes desnecessário, no caso do Rush é absolutamente indispensável, Neil Peart, que por anos 6 anos consecutivos foi considerado o melhor do mundo, como sempre deu um espetáculo à parte. Geddy Lee também considerado um dos melhores baixistas do mundo, 6 vezes vencedor: "Melhor Baixo do Rock" - Guitar Player Magazine, esbanjou competência. Alex Lifson, apesar de nunca ter recebido o premio de melhor guitarrista, mereceria ganha-lo, nem que fosse por honra ao mérito, pois também é fantástico.

Os efeitos visuais também deram um show à parte, uma enorme estrutura metálica em forma de aranha no teto do palco, com suas 8 pernas que se estendiam, dobravam e inclinavam, foi responsável pela maior parte dos efeitos de iluminação e esplendor policromático, para não falar do fantástico telão que ficava no fundo do palco, ora projetando closes enormes ora dividindo-se e projetando imagens como se fossem telões independentes. Também não faltaram chamas e efeitos especiais com fumaça.
Se fosse necessário resumir o show em uma única palavra, esta seria perfeição, com "P" maiúsculo.
Ricardo
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