Samsung Blues Festival 2017

01, 02 e 03/06/2017 Teatro Opus, Shopping Villa Lobos em São Paulo


Como os ingressos que tenho guardados até hoje podem comprovar, tenho mais de 300 shows em meu currículo e devo dizer que foi a primeira vez que tive o privilégio de assistir a um espetáculo tão aconchegante e bem estruturado como este. As paredes estavam forradas com as fachadas de ruas de New Orleans e tinha mesas e bancos à disposição.


Ao chegar para o primeiro dia de show, estava no lobby a excelente banda Mustache e os Apaches tocando folk e bluegrass, com instrumentos de corda acústicos como o banjo, além do washboard que é uma atração à parte.

 
Enfeitavam o ambiente mesinhas como suculentos petiscos como queijos importados acompanhados de geléias apimentadas e sucos naturais. Muitos olhavam desconfiados e ninguém com coragem de se aproximar, imaginando que deveria ser reservado a algum seleto clube dos vip's. Fui até o balcão para comprar uma cerveja, quando um simpático garçom me informou que se tratava de um open bar e que tudo lá estava de graça para o público presente. Mais adiante, havia degustação de vinho, mini hamburgueres e cachorro-quente preparados na hora, risoto ao fungi com queijo ralado regado com azeite, água de coco, pipoca. No domingo tinha até carrinho de picolé. Tudo isso por ingressos à partir dos inacreditáveis R$ 25,00, num teatro não muito grande e que dava uma boa visão do palco qualquer que fosse a cadeira. Vale mencionar que teve incentivo da lei Rouanet, além de outros patrocínios.
 

Na terceira noite de show, tive a oportunidade de conversar com pessoas da produção, todas muito gentis, agradáveis e vibrando com o resultado de um evento que foi um sucesso. Era visível que havia sido preparado com muito capricho por pessoas que adoram o que fazem.


Numa mescla interessante que trazia uma banda nacional e uma banda internacional por dia, abriram o festival nosso renomado bluseiro Igor Prado e sua excelente banda.


Logo durante as primeiras músicas, a tampa traseira do Hammond caiu. Como ficou muito mais interessante com suas entranhas à vista, foi mantido assim até o fim do festival. Acima Luciano Leães.


Completaram a banda de Igor, o baterista Yuri Prado e o grande Rodrigo Mantovani.
 

Sonny Laundreth
 

Muito elogiado por Eric Clapton, Sonny tem 66 anos e nasceu no Mississipi.
 

Um especialista no use do slide, tocou todas as músicas com ele, além de usar os cinco dedos da mão direita e tocar também com a mão espalmada. Usava também o polegar para tocar e, simultaneamente, fazia quase um shuffle com os dedos anular e mindinho.
 

Dei uma cochilada neste primeiro dia, peguei minha máquina que há tempos não usava sem checar a bateria, por isso não consegui fotografar o show do Sonny, mas por sorte, de tanto ir em shows, acabei ficando amigo até dos fotógrafos, e lá estavam o Renato da Guitar Player, o Leandro Mariutti Almeida e a Mila que está entre minha esposa e eu, e são dela as duas fotos do Sonny que coloco acima.
 

Na segunda noite o show foi iniciado pelo Blues Etílicos, o nosso expoente maior no estilo,


mas não sei o que houve com a regulagem do som que, no dia anterior estava agradável e bem equilibrado, desta vez estava alto demais. Aliás, não foi a primeira vez que achei o som do Blues Etílicos desnecessariamente alto.


Por alguma estranha razão, tocaram por apenas magros 40 minutos.
 

Malina Moye era a principal atração da noite. Com a banda tocando no palco e a atenção do público todo voltado para lá, inesperadamente Malina aparece no corredor principal tocando sua guitarra no meio do público e de repente estava bem do meu lado.


As primeiras músicas me agradaram, mas, com exceção de um blues, as outras músicas eram mais voltadas para o soul music / funk e apelo mais dançante. Com o som alto machucando meus ouvidos, o baixista esticando e soltando as cordas como um estilingue, produzindo um PLÉN que estourava nas caixas, acabei fazendo algo que raríssimamente faço, sai antes do show terminar e não a vi tocando Jimi Hendrix.


Com o volume e qualidade do som restabelecidos aos níveis que o público e uma boa casa de espetáculos merecem, a última noite foi aberta pela interessante banda Hammond Grooves.


Como o próprio nome sugere, a estrela principal é o órgão Hammond, misturando jazz com ritmos nacionais e funk, com Daniel Latorre nos comando do instrumento protagonista. Daniel já acompanhou Ian Pace (Deep Purple), Andy Summers (The Police), John Pizzarelli, Caetano Veloso, isso para citar apenas alguns - contou histórias interessantes e divertiu o público.


Curiosamente, Wagner Vasconcelos toca descalço.


Mas a grande surpresa estava por vir, Albert Cummings empolgou muito.
 

Com uma pegada ZZ Top, o peso de Gov't Mule e a energia de Steve Ray Vaughan, Albert Cummings teve o público na mão o tempo todo, as palmas ritmadas vinham automaticamente sem ter que pedir e refrãos eram repetidos espontaneamente. O resultado dessa simbiose vinha estampado com o sorriso e a alegria no rosto de Cummings. Curiosidade, quando ficava na ponta dos pés, ah meu irmão, aí o bicho pegava!


Três noites de espetáculo que quase me passaram batido, se não fosse pelo meu amigo PC do Rio de Janeiro que me alertou, valeu! 

Que o Samsung Blues Festival tenha vida longa e continue nos brindando com noites espetaculares como estas a preços democráticos que permitam a expansão do público.
 
 
Ricardo


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