Aeroblus

25/04/2015 - Sesc Belenzinho

Os amigos que normalmente me leem provavelmente esperam meus comentários sobre o Monsters of Rock, megafestival que aconteceu neste fim de semana, reunindo em dois dias nomes como Ozzy Osbourne, Judas Priest, Kiss, Accept, Motorhead, Manowar, entre outros. Uma constelação que dificilmente voltará a ser vista; a nata do metal que fez história, sem meios-termos e sem concessões. Dois dias que fazem o line-up do Rock In Rio parecer uma tarde no parque com a Xuxa.


Apesar desse encontro histórico, eu já havia visto as bandas citadas, no mínimo, duas vezes cada uma, adiciono a isso o desconforto de um evento desse porte e o mar que não está pra peixe. Resignado, resolvi passar dessa vez... Para me salvar da depressão profunda, descobri que ia se apresentar no confortável Sesc Belenzinho, um nome que já era familiar aos meus ouvidos, mas que ainda soava de forma obscura, pois havia ouvido o trabalho deles apenas uma vez, de forma superficial. Era o Aeroblus, que eu resolvi conferir.


A banda é um projeto do guitarrista, vocalista e compositor argentino Pappo. Chamou para acompanha-lo o também argentino, baixista e vocalista Alejandro Medina. A dupla veio ao Brasil em 1976 para recrutar um baterista que havia gravado o disco de estreia do Made In Brazil - Rolando Castello Júnior, atualmente, figura lendária do rock brasileiro e que até hoje capitaneia a Patrulha do Espaço.


Dessa forma nasceu um power trio vigoroso (aqui em forma de quarteto) que me fez entender porque um único álbum lançado em 1976, no auge da ditadura dos dois países, consegue ser uma referência para muitas bandas até hoje. Trata-se de um hard rock incrível, com riffs poderosos e muita energia.
 

"Resgatar títulos expressivos da discografia da música brasileira e apresentá-la para o público em formato de show, abre uma possibilidade sem precedentes para a revitalização da memória cultural do país, bem como para a difusão de uma cultura que deve, necessariamente, ser dinâmica e transformadora."
 
Foi com esse espírito que o Sesc convidou a banda e preparou esse "compacto", um caprichado encarte que traz este texto, uma breve história da banda e algumas fotos. Que belo trabalho!
 


Infelizmente Pappo faleceu em 2005, ficando as guitarras por conta do argentino Juan Cavalli e do brasileiro Danilo Zanite (Patrulha do Espaço e Homem com Asas http://www.bluesrockshow.com/circuito-alternativo/homem-com-asas).
 

Imagine dois guitarristas bons e empolgantes, mas mesmo assim, havia algo onipresente, a bateria maravilhosa e um baixo fantástico... Nessa banda a cozinha transforma as guitarras em coadjuvantes.


É como disse o Rolando, "Desculpa aí, hein Ozzy... No dia do seu show eu ainda consegui juntar aqui mais de 300 neguinhos." 


Ter a oportunidade de vê-los ao vivo foi um experiência incrível, espero que saia algum álbum ao vivo que tenha conseguido capturar toda a energia desse petardo.

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