Pepeu Gomes

27/04/2013 SESC Ipiranga
 
Fazia muito tempo que eu queria ver esse guitarrista que marcou seu nome definitivamente na história, quando veio com os Novos Baianos para São Paulo. Mas de lá para cá muita água rolou, se consagrou como um dos melhores guitarristas brasileiros e foi considerado pela revista americana Guitar World, como um dos 10 melhores guitarristas do mundo na categoria World Music.
 
 
Agora com 60 anos, comemora seus 40 anos de carreira, nos quais lançou 38 discos, se apresentou 6 vezes no Festival de Montreux e tocou nas 4 edições do Rock in Rio.
 
Alguém que não sabe ler nem escrever é um analfabeto, certo? Então Pepeu é um analfabeto musical, não sabe ler partituras e toca tudo de ouvido. Como ele guarda centenas de músicas com solos complicados na cabeça? Qualquer dia que tiver a oportunidade perguntarei isso a ele. Seria comparável a um poeta que tem centenas de poesias, todas guardadas na cabeça, sem o recurso de consultar um livrinho se esquecesse parte de uma delas.
 
 
Quando vamos ao show de um guitarrista, você já vai meio que preparado para uma egotrip, mas que guitarrista, num show instrumental, iria se cercar de mais dois guitarristas? Geralmente o centro das atrações deixa pouco espaço para os outros brilharem, mas nesse caso, o que se viu foi uma banda coesa, tocando com muita energia e tesão. Note que na maioria das vezes a expressão é de puro êxtase.
 
 
O show começou com Pink Floyd, In The Flesh, em seguida, uma versão matadora de Blue Wind de Jeff Beck, com todos cuspindo fogo. Quando começa a serena Amazônia, imagino uma montanha no meio da floresta, que não demora a se revelar - era um vulcão que em poucos momentos começa a entrar em erupção e explode em um música, que flue de todos os instrumentos, além de solos efervescentes.
 
 
Tocaram entre outras coisas Kashmir do Led Zeppelin, uma versão com certa licença poética de Cross Town Traffic do Jimi Hendrix e sucessos como Dedilhando, Chicana e Malacaxeta, tudo com uma pegada bem rock'n'roll, até Menino do Rio pegou fogo e ficou muito legal. Na foto está o filho, Felipe Pascual, que também estava dirigindo o show.
 
 
Certa vez, Pepeu e Baby Consuelo foram barrados na Disneylândia com seus cabelos multicoloridos, sob o argumento de que as pessoas que frequentam o parque não podem chamar mais atenção do que as atrações do mesmo. Hoje, num mundo de alargadores, piercings e tatuagens, é até estranho ver um artista sem esses ornamentos... Acho que Pepeu optou por continuar sendo diferente e chamando a atenção.
Acima, o baterista Sérgio Melo e a terceira guitarra de Daniel Imenes.
 
 
Vê-lo tocar Brasileirinho tirando faísca da guitarra baiana é sempre um momento especial. Ao lado, Marcos Maia - grande baixista.
 
 
Num mundo em que é sempre mais fácil abraçar os belos e notáveis, Pepeu posicionou-se durante uma música bem na frente de um cadeirante de meia idade, com paralisia cerebral, que aparentemente estava gostando do show, e antes de mandar um de seus solos matadores apontou para ele e disse esse é pra você.
 
Algum destaque? Sim, o conjunto. 
 
Ricardo
 
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