20/06/2013 - Teatro Bradesco Steven nasceu em 1967 na Inglaterra. E' mais conhecido como líder da banda de progressivo
Porcupine Tree, do que pelo seu trabalho solo. Pontualmente às 21hs as luzes do teatro esmaeceram,
uma enorme lua com nuvens passando na frente foi projetada no telão no fundo do
palco e passamos a ouvir um som de teclado fazendo zooooiiimmmm -
zoooiiiiimmmmm. Comemorei a pontualidade, afinal, estávamos em plena
segunda-feira. Trinta segundos disso teriam sido normais e aceitáveis, no
entanto, a embromação durou longos, infinitos, intermináveis e irritantes 30
(trinta) MINUTOS!!! A demora gerou assovios, vaias, gritos e palmas de
inquietação, inclusive minhas, mas de nada adiantaram. Se tivesse havido um
atraso de trinta minutos, teria sido aceito como normal, ao invés disso, gerou
irritação e piadas por parte dos fotógrafos e jornalistas que estavam perto de
mim - foi absolutamente brochante. Finalmente o show começa e o som estava empolgante,
a primeira música se fundiu com a segunda e poucos segundos depois de iniciá-la,
ele interrompeu sua execução - this is a disaster - e responsabilizou o
baterista por algum erro. Pediu desculpas e perguntou se poderia começar
novamente o show. E, adivinhe, no telão apareceu a porra da lua com as nuvens! Bati a
duas mão nos braços da poltrona e tive que me segurar para não levantar e mandar
o rapaz tomar... Por sorte, a imagem foi exibida só por alguns segundos, como
deveria ter sido na primeira vez, mas tocaram a primeira música, que não era
curta, na íntegra, novamente. Era o último show de uma longa turnê e,
aparentemente, ele estava realmente afins de encher o saco da gente. A
iluminação e efeitos que normalmente são voltados para o artista, ele resolveu
voltar contra a platéia. Passamos mais de duas horas com canhões de luzes
piscando na nossa cara e nos ofuscando - com certeza uma forma de vingança, fazendo com que a
gente saiba como eles se sentem no palco. As luzes vinham sempre de trás para
frente, com os músicos numa silhueta. O rosto do tecladista e
saxofonista/flautista praticamente só vi quando vieram receber nossos aplausos
ao saírem do palco. Mas ele ainda não estava satisfeito, ele ia
conseguir fazer com que eu o odiasse um pouco mais. Lá pela quinta música, disse
que sentia-se como se estivesse numa discoteca e que ele era o único que estava
dançando. Falou que estávamos em um show de rock e que quem quisesse podia ficar
de pé. Grande idéia! Agora, no lugar de ter um monte de gente imóvel sentada,
tinha um monte de gente imóvel de pé. MUITO confortável. Mais da metade não
aderiu, mas tiveram que conviver com os outros atrapalhando. Em função de tudo isso, demorei muito para entrar
no clima e o som custou a conseguir me conquistar. Tocavam um progressivo pesado, vigoroso, com
muitas nuances, flauta, sax, suavidade misturados com momentos de explosão e um
harmonioso caos. Steven tocou teclado, violão, guitarra e, enquanto o baixista
assumia o Chapman Stick na foto anterior, ele assumia o baixo. La pelas tantas, um véu semitransparente cobriu
toda a frente do palco, no qual eram projetadas imagens. A idéia não é nova,
David Bowie utilizou esse recurso na sua turnê Sound & Vision há uns 20 anos
atrás, não cheguei a ver porque no Brasil o show chegou só com o Sound... Steve
criou um efeito interessante na mistura de imagens projetadas, sombras e os
integrantes na penumbra. Como a imagem projetada no véu era a mesma do telão no
fundo do palco, acabava gerando uma falsa tridimensionalidade.
O show tinha o objetivo de promover seu último
trabalho "Raven That Refused to Sing" - até pensei em comprar, mas tem a "lua"
na capa e vai demorar até passar o trauma. Do Porcupine Tree tocaram só uma, no
bis. Para se despedir, ao invés de todos se abraçarem e fazerem a reverência ao
público, Steven chamou cada um dos músicos individualmente, passava o braço pela
cintura deles e juntos recebiam os aplausos, só depois todos os músicos juntos
fizeram a reverência.
Ricardo
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