27/09/2017 São Paulo Trip - Allianz Parque
Como uma interessante alternativa ao Rock in Rio,
aconteceu quase simultaneamente em São Paulo a São Paulo Trip, essa sim, fazendo
jus ao nome Rock, com bandas como Alice Cooper (meu malvado favorito), Def Leppard,
Guns'n'Roses, Aerosmith, tocando em dias alternados. Em tempos de crise e com o
estacionamento custando R$ 100,00, optei pelo dia em que tocaria o The Who. Com
o gramado lotado, o público mostrou por quem veio, foram ovacionados, ao
contrário das bandas que tocaram antes deles. Houve uma época em que os dinossauros caminhavam
sobre a terra, principalmente na primeira metade dos anos de 1970.
Apesar de a banda possuir - na época - o meu
baterista favorito, o doidíssimo Keith Moon, o The Who estava longe de ser meu
dinossauro favorito. Eu explico, é que nessa época meu inquieto coração de
adolescente procurava por batidas mais fortes e sons mais pesados, neste
quesito, Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple, Kiss... se destacavam mais, o
que fez com que The Who tocasse menos em minha vitrola. Na foto acima, ao fundo
aparece o baterista Zak Starkey (filho de Ringo Star). Por vários anos seguidos houve rumores de que eles
viriam fazer seu primeiro show na América do Sul. Nesta quinta-feira isto
finalmente aconteceu e fui ao estádio conferir
esta grande banda que faltava no meu currículo. De cara deu para sentir que seria um show
empolgante e me conquistaram logo na segunda música quando tocaram The Seeker (regravado inclusive pelo Rush), uma
música que gosto muito mas que tinha dúvidas se entraria no setlist da
noite. Apesar dos excessos, com dois de seus integrantes
originais terem morrido de overdose, e de cantarem em My Generation - I hope
I die before I get old (Espero morrer antes de ficar velho), Roger Daltrey aos 73 anos está com seu vozeirão
intacto e Pete Townshend, um ano mais novo, pula menos que nos anos de loucura,
mas ainda toca sua guitarra girando o braço em círculo e com o mesmo talento de
sempre. Roger continua rodando o microfone segurando pelo cabo, soltando-o e
depois puxando de volta. A destruição da guitarra, que chamou atenção sobre eles
em Woodstock, felizmente - pelo menos para mim - ficou de fora.
My Generation é um clássico que provavelmente
foi tocado em todos os shows da carreira deles, milhares de vezes, e o
inimaginável aconteceu, a música começa com: People try to put
us down
(talkin'
bout' my generation)
em seguinda a banda e a multidão canta Just
because we get around
mas Roger Daltrey atropela todos com
And don't try... (Roger pára
congelado)
que estaria correto se eles estivessem cantando a segunda estrofe
da música. Pete olha assustado para seu vocalista, Roger coloca a cabeça abaixo
do microfone ainda apoiado no pedestal, vira de lado chacoalhando a cabeça e
rindo, estendendo o braço esquerdo na direção de Pete, balançando a mão como
quem diz "desculpa, cara, não sei o que aconteceu". Roger se perde totalmente,
deixa o público em coro terminar toda a primeira estrofe e quando Pete dá o
sinal com um toque na guitarra, eles voltam cantando a primeira estrofe desde o
início. Em algumas gravações mais de perto, disponíveis no youtube, é
possível ver essa gafe incrível. Se alguém tinha alguma dúvida sobre o potencial de
voz de Roger, acabou com Love, Reign O'er Me sendo cantada de maneira
furiosa, aliás, arrisco dizer que estão melhores do que há 30 anos
atrás. Claro que não ficou de fora nenhuma das músicas que abrem os seriados do CSI, que tornaram a banda visível para a nova geração. A banda era muito competente, lógico, mas, apesar
de seu jeito estranho, Zak Starkey, filho do Beatle Ringo Star, se destacou
conduzindo as baquetas com extrema competência. Sem nenhum
solo entediante de bateria, sem distorções irritantes de guitarra, sem
eeêeeeêêêê ou ooôooôooo, sem embromação nenhuma, deram uma aula de como fazer um
show, que todas as bandas deveriam seguir. Sem notarmos, haviam se passado duas
horas com 22 músicas tocadas.
Não
me conformava como havia me esquecido de que esses caras tem tantas músicas boas
assim. Para mim só faltou Music Must Change. Que nunca
envelheçam!
Apenas como registro, duas bandas abriram o show do
The Who.
The Cult Para quem gosta, acredito que o The Cult tenha
feito um bom show, tocou pouco mais de uma hora suas músicas mais conhecidas e,
a impressão que eu tinha era que o vocalista Ian Astbury estava bem chapado ou,
no mínimo, estava alguns dias sem dormir.
Irritou-se com alguém da platéia que estava
teclando no celular perto dele "Hey, motherfucker, manda uma mensagem
para minha mãe. Porque você não manda uma mensagem para sua mãe?". Ao final de
uma das músicas, diante da reação fria da platéia disse que isso não era Brasil.
Mais tarde, depois de aplausos mais acalorados se animou That's
Brazil!
Alter Bridge
Está foi a banda que abriu a noite. Com um estilo de rock que usa uma estrutura musical
diferente da que estou acostumado, eu precisaria de mais audições para formar
uma opinião.
Ricardo
|