Quando eu estava planejando minha viagem aos EUA, pesquisei o site de algumas bandas que eu julgava interessantes, para saber se estavam em turnê por lá. Trombone Shorty não é exatamente a minha praia, mas gostei muito de seu álbum Backatown. Para minha surpresa, através do site dele fiquei sabendo que ele se apresentaria no BMW Jazz Festival que iria ocorrer em São Paulo no dia 09/06, quase na véspera de minha viagem.
Ele toca seu trombone de uma forma quase agressiva - com muita energia.
Certas vertentes do Jazz são abstratas demais, quando cada músico parece estar sozinho no palco, cada um indo para um lado, meu limitado ouvido de roqueiro trava e não consegue sintonizar, no entanto, como sempre estou disposto a ampliar meus horizontes, além disso, o preço era bastante honesto, em torno de R$ 90,00 para ver 3 shows numa mesa razoável, resolvi comprar também para o dia 08, sexta, mesmo sem conhecer nada ou muito pouco dos que iam se apresentar.
Sexta-feira, 08 de junho, a partir das 20h30
Ambrose Akinmusire Quintet
Hmmm, quase entrei em pânico, logo de cara muito chato, um som maçante, sem pé nem cabeça, pelo menos para mim... Ouvi outras pessoas reclamando também.
Toninho Feragutti, Bebê Kramer e convidados
Talvez uma das vantagens da palavra Jazz é que qualquer coisa que não se enquadre em um estilo específico pode ser considerado jazz, será? Bom, mas o fato é que essa banda é simplesmente fantástica.
O som começou com um clarinetista, cavaquinho, percussão, bateria, contrabaixo e dois acordeons.
Conforme foi passando o tempo, convidados foram sendo chamados ao palco e no final tínhamos até 4 acordeons tocando músicas instrumentais com vários ritmos brasileiros. Muito legal!!! Diversão para todas as idades e gostos musicais.
Corea, Clarke & White
Sempre tinha ouvido falar de Chick Corea, um americano no momento com 70 anos, lenda viva do piano, ganhou o Grammy 16 vezes e foi indicado 56!!!
É impressionante ver como outra lenda, Stanley Clarke, toca o seu contrabaixo, ele dedilha, batuca e faz verdadeiros malabarismos nas cordas de seu instrumento.
Lenny White é o mais comportado e cria uma cozinha consistente com sua bateria para permitir a viagem dos dois companheiros num jazz mais tradicional nessa configuração de instrumentos.
Sábado, 09 de junho, a partir das 20h30
Clayton Brothers Quintet
Um banda de Jazz mais tradicional muito legal, onde quase todos são de uma mesma família. Haha, nunca foi tão fácil fotografar uma banda, ficaram assim, agrupados o tempo todo.
Trombone Shorty & Orleans Avenue Gosto de ouvir a Eldorado FM aqui em SP, pois não raramente, ouço nela algum som que me presenteia com uma grata surpresa, foi assim com Trombone Shorty. Quando cheguei em casa fui para a internet e acabei achando um som pesado, com trombone, trompete e sax. Dançante mas sem ser popularesco, tem uma mistura muito rica entre a música negra americana e o peso do rock.
Troy Andrews nasceu em 02 de janeiro de 1986, em New Orleans e começou a tocar trombone aos 6 anos, só não consigo imaginar como é que uma criança consegue segurar um instrumento desses. A prova de que meu instinto a respeito dele estava correto, é que ao pesquisar o trabalho dele descobri que no seu segundo CD participam Jeff Beck e Warren Haynes (Allman Brothers Band e Gov't Mule).
Inexplicavelmente não tocou Hurricane Season, que eu imaginava ser o seu maior sucesso, mas vi algo que havia ouvido falar, mas nunca pensei que iria ver assim na minha frente. Num certo momento de um solo, ele começa a soprar no trompete ininterruptamente por um longo tempo (acho que mais de um minuto), sem parar para respirar - explicando de uma maneira simples - ele não precisa parar de inspirar para expirar, o que faz com que ele fique num looping inspirando pelo nariz e soprando pela boca por um tempão, deixando todos que o assistiam etupefatos. O nome disso é respiração circular.
As surpresas não pararam por aí. Quando voltaram para o bis, os músicos fizeram um rodízio total nos instrumentos, note as fotos, Trombone foi para a bateria, o baterista foi para a guitarra, o baixista foi para o trompete, o guitarrista foi para o sax, saxofonista foi para o baixo e o segundo saxofonista para o trombone. Espantoso, mais uma vez.
Maceo Parker e convidados Fred Wesley & Pee Wee Ellis
Estes três músicos fizeram parte da lendária banda de apoio do lendário James Brown, The JB's, e criaram uma das seções de sopro mais celebradas da história.
Fizeram um som típico dos tempos da Motown, cheio de balanço, groove, funk e soul. O único problema é que tocaram depois de Trombone Shorty ter incendiado a galera, restando a eles a dura missão de cativar o entusiasmo de um público ainda sem fôlego pela apresentação anterior.
No domingão tocaram Darcy James Argue’s Secret Society, Ninety Miles e Charles Lloyd Quartet, mas não assisti (nem mesmo conheço - shame on me).
Ricardo
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