Apesar de cansado do dia anterior eu estava feliz, afinal levantei cedo para me deleitar com um dia inteiro de música. Levei uma cadeira de praia e um livro para ler nos intervalos dos shows, esqueci do protetor solar e do boné. Pague o preço. O livro foi um peso morto, mal tinha começado a primeira música, alguém me cutuca as costas, meu amigo Sílvio de Avaré me oferecendo uma cerveja. Como é bom ter amigos.
Beatles 4ever (Palco Bulevar São João - das 18hs do dia 16 às 18hs do dia 17/04/11)
Uma amostra do arsenal necessário para apresentar fielmente as músicas dos Beatles, desfilando Rickenbackers, Stratocasters Les Paul, etc..., além da cítara que não está aqui.
Já vi e ouvi falar em vários tipos de atletas, atletas eventuais, atletas de verdade, atletas de fim de semana, até atletas sexuais, mas atletas musicais foi a primeira vez que eu vi. Pois é isso o que são, além de serem excelentes músicos, terem adquirido todas as habilidades musicais de seus ídolos e aprendido a tocar todos os instrumentos que eles tocaram, têm uma versatilidade, memória e condição física espantosas. Para quem não ouviu falar, na virada cultural, no palco Bulevar São João, em frente ao prédio do correio, eles tocaram durante 24 horas, TODOS os discos oficiais dos Beatles, em ordem cronológica. Isso significa guardar na memória aproximadamente 220 letras e músicas!!! Com intensa troca de instrumentos. Não bastasse o cansaço, o sol da manhã castigava os integrantes e os instrumentos.
Um amigo deles mostrou a George Harinson umas gravações que Marcus Rampazzo fez de algumas músicas e George achou que era uma versão pirata de alguma gravação dos próprios Beatles. No final fez um agradecimento que foi gravado e pode ser ouvido no site do Beatles 4ever, em que agradece que Marcus tenha mostrado a ele como algumas coisas que ele (George) tinha feito e que ele não se lembrava mais como toca-las.
Existiu um 5o. Beatle, um japonês de sobrenome Yoko - que coincidência -, que tocava um teclado para preencher as lacunas orquestradas e sons pré-gravados. Os nossos heróis são Marcus Rampazzo (George), Ricardo Felício (Ringo), Fabio Colombini (John), Ricardo Júnior (Paul)
A minha intensão era chegar 15 horas depois de terem começado a tocar, para ver as apresentações à partir do Álbum Branco, talvez meu preferido, mas acabei atrasando um pouco, a tempo de ver apenas o disco 2. Depois fiquei para ver o Let It Be e Abbey Road. Antes de cada disco, uma gravação com uma breve história sobre como o disco foi concebido, quem fez o quê, além de curiosidades. Depois de cada disco, um intervalo de pouco mais de meia hora. Todas as músicas foram executados com brilhantismo, em raros momentos a voz de Ricardo (Paul) demonstrou algum sinal de cansaço, o que foi um alívio, pois prova que eram humanos tocando ali. Qualquer dia vou conversar com eles para saber como aguentaram.
Essa era a visão do palco, com a multidão se aglomerando na frente do prédio do correio (no qual trabalhei com o Fauzi da Tribo de Jah, mas esta já é uma outra história). Note que tem alguém pendurado no guindaste.
Ao descer na estação São Bento, para chegar no palco do calçadão do correio, passei na frente do palco da Pça Pedro Lessa, e fui atraído pelo desconhecido. Estava tocando a Taberna Folk, cuja especialidade é tocar música medieval, que contava com um grupo de fãs vestido com roupas da época, dançando animadamente. Um som bastante interessante e contagiante.
No intervalo que precedeu o Let It Be, voltei à Praça e quem estava tocando era um trio, Olam Ein Sof, com a garota da foto abaixo, um rapaz tocando violão, e uma outra garota na flauta. Também um som celta bastante interessante.
Aproveitei para conversar com líder da banda Taberna Folk, que me contou sobre a dificuldade de garimpar este tipo de música medieval, além da dificuldade da pronuncia das línguas indo-européias. Entendi uma que era em alemão e que ele arranhou de forma aceitável. Parabéns.
Ricardo
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Virada Cultural 2011 >