5) David Jackson (Van Der Graaf)

19/05/2013 18hs


Enquanto eu estava nos bastidores tirando foto com o pessoal do Nektar, por várias vezes passou entre nós um "senhorzinho" serelepe, carregando instrumentos e equipamentos.
- Esse é o David Jackson? Indaguei o Gabriel, da banda Violeta de Outono, que assentiu.
E lá vinha ele novamente com seus passos apressados.
- Do you have a moment for a picture? Abordei-o com a máquina fotográfica na mão.
- Absolutely not. Respondeu com um sorriso amarelo, encolhendo os ombros, se desculpando. Não tive nem tempo de dizer It's ok. Lá estava ele correndo de novo.
 

E foi assim que ele se apresentou para a gente, e não foi por acaso.  
 

Assim que cheguei, havia recebido uma notícia muito legal. David Jackson estava acompanhado da Alex Carpani Band, que é italiana e especializada em cover do Van Der Graaf Generator, mas, por algum motivo, o baixista da banda não pode vir. E aí que veio o "legal", para cobri-lo, foi indicado nosso amigo Gabriel - Violeta de Outono -, que é fã do VDGG e conhece tudo dos caras. Assim que o encontrei, perguntei: E aí?
- Estou super nervoso, roendo as unhas. Confessou.
Com apenas um ensaio, não demorou mais do que duas músicas para ele relaxar e começar a curtir, tirou de letra e foi elogiado pelos integrantes da banda.


Estou sofrendo de diplopia? Não! Começou assim, tocando dois saxofones simultaneamente, bem na minha frente. As guitarras gêmeas no rock são mais ou menos comuns, agora sax gêmeos tocados pela mesma pessoa... Demorei uns 15 minutos para que o hipnotismo de sua presença no palco me liberasse e eu conseguisse prestar atenção em mais alguém além dele. Infelizmente o som do(s) sax estava muito baixo no começo, obrigando a platéia a pedir em coro "aumenta o sax - aumenta o sax...".
 

Quando estive nos EUA, assisti ao VDGG http://www.bluesrockshow.com/rock-nos-eua/nearfest-1o-dia, que estava sem o David Jackson. Nem mesmo arriscaram colocar outro saxofonista para substituí-lo - talvez por não existirem saxofonistas que tocam dois ao mesmo tempo, e devo dizer que ele fez MUITA falta. Na ocasião, Peter Hammill tocou bem mais a guitarra do que de costume, mas não conseguiu dissimular a falta de mistura no prato. O carisma e a importância de Peter são incontestáveis, mas seus fãs que me perdoem, gostei muito mais desse show. 


Acima, Alex Carpani nos teclados, Joe Sal nos vocais e "nosso" Gabriel ao lado.
 

Logo no início, houve problemas técnicos com os teclados. David ao ser avisado, com um enorme senso de humor, pediu que os irmãos presentes levantassem as mãos e orassem, para que o teclado voltasse a funcionar e pudessem continuar com o show. Todos obedeceram e em poucos momentos o teclado "ressuscitou". David fez festa junto com os irmãos de prece. A "oração" iria se repetir, quando a bateria do microfone sem fio de Joe acabou: "Irmãos, agora vamos orar para que tenha uma nova bateria e o show continue".


Com Boleas Panic, uma música muito legal que lembra o Bolero de Ravel, David mostra seu talento, começando com a flauta, passando por cada um dos clarinetes, encorpando o som, até finalmente terminar com o som mais "grosso", tocando os dois saxofones.


Sim, ele também toca dois clarinetes simultaneamente. No repertório não faltaram Killer, The Sleepwalkers, Man Erg e fechou com a ótima Theme One.
 

Durante a última música, Joe desceu do palco e subiu numa mesa que ficava na frente da galera, para reger o coro.
 

Quando o show terminou, fui para trás do palco onde encontrei David tirando uma foto com um fã, quando eu ia conversar com ele, uma garota cortou a fila e pediu para tirar uma foto. Ele disse que teria muito prazer em tirar uma foto com ela, mas antes, ele iria tirar uma com esse simpático rapaz, dirigindo-se à mim. Assim que a foto foi batida, colocou o dedo no canto do olho - um cisco, brincou comigo. Me desculpei sorry for the flash, David. Junto comigo estava o nosso novo amigo, Everaldo do Sebo Barra Funda, uma autoridade em Krautrock.
 

Grande Gabriel, parabéns, substituiu o baixista italiano com méritos.
 
E assim se encerra mais uma excelente Virada Cultural. Parabéns também à organização, pela coragem de promover um evento desse tamanho, e, principalmente, por quem tem a ousadia de trazer nomes como John Lord (2009), Big Brother & The Holding Co., The Mothers of Invention (2010), Edgar Winter, Soft Machine (2011), Iron Butterfly, Morphine, Popa Chubby, La Renga, Black Oak Arkansas (2012), Billy Cox, James Chance, Nektar, David Jackson (2013) e de abrir espaço para bandas nacionais como Patrulha do Espaço, Casa das Máquinas, Made in Brazil, The Central Scrutinizer Band - isso para citar apenas alguns dos muitos nomes notáveis e com pouco espaço na mídia. 

Se me fosse permitido, sugeriria para as próximas edições nomes como The Guess Who, Doobie Brothers, 38 Special, Heart, Suzi Quatro... e alguém que tem toda a cara da Virada, Patti Smith.
  
Ricardo
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