Dizem que um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar, coincidentemente 5 anos e 2 dias depois o improvável acontece e volto a vê-los tocando junto.
Gostaria de saber o que fez duas bandas tão diferentes compartilharem pela segunda vez uma turnê juntas. Você estranhou o termo "diferentes", eu explico, Whitesnake é hard rock, é love pra cá, love pra lá e faz enorme sucesso com baladinhas apaixonadas; do outro lado está o Judas, pai do metal, obscuro e apocalíptico. O nome da turnê do Whitesnake é Forevermore e não parece que vai parar tão cedo, Judas está se despedindo com sua Epitaph Tour.
Em 08/09/2005, quando o Whitesnake fez uma turnê com o Judas Priest, peguei a ponte aérea e fui ao Rio de Janeiro para assistir ao show numa casa fechada, só para não passar pelo perrengue que é um show desse tipo num local aberto. Estou ficando fresco? Estou ficando velho? Estou perdendo o espírito rock'n'roll aventureiro para este tipo de coisas? Não, e quem diz isso é porque nunca teve a oportunidade de assistir a um show dessa magnitude, confortavelmente instalado num camarote de ponta, praticamente dependurado por cima do palco. Desta vez não deu, e o jeito foi me virar, e olha que ser deficiente nessas horas ajuda, pois tínhamos um "cercadinho" a aproximadamente 1,20m. acima do chão, com banheiro químico só para nós, o que pode ser considerado um luxo. Mas duro mesmo foi aguentar a garotada me indagando: o senhor gostou do show? O senhor isso, o senhor aquilo... Cacete! Será que estou tão acabado assim? :-)
Se nas cadeiras superiores do Credicard Hall, conseguir uma foto que preste é quase impossível, num estádio ou num estacionamento ao qual deram o pomposo nome de arena, onde se aglomeram mais de 20 mil pessoas, é um golpe de pura sorte, principalmente sem uma credencial que permita a entrada de uma câmara com tele. O resultado sofrível está aí.
Whitesnake entrou no palco pelas 20:20 com 20 minutos de atraso e tocou por aproximadamente 1 hora e 20 minutos, sucessos como Give Me All You Love, Love Ain't no Stranger, Is This Love, Here I Go Again, Still Of The Night, ...e fechou com Deep Purple: a bela Soldier of Fortune - cantada à capela - e um medley arrebentando com Burn e Stormbringer.
JUDAS PRIEST
A importância de David Coverdale com seu Whitesnake é incontestável, mas eu estava lá mesmo era para ver mais uma vez Rob Halford arrasar, à frente do Judas Priest.
Tocaram 21 músicas, abrangendo praticamente todos os álbuns de sua carreira por umas 2 horas. Tinha um grande telão no fundo, que mostrava a capa de cada álbum, referente à música que estava sendo tocada, mas a área que nos foi destinada, praticamente não dava ângulo para vê-lo.
Infelizmente o guitarrista KK Downing com a banda desde 1969, pulou fora de última hora por desentendimentos, ele foi substituído às pressas por um garoto talentoso, Ritchie Faulkner, que nasceu no ano em que British Steel fora concebido - álbum de maior sucesso - em 1980, com idade igual ou superior a muitos dos presentes.
O repertório foi digno de uma despedida com Metal Gods, Starbreaker, Victim of Changes, Diamonds & Rust, Turbo Lover, The Green Manalishi... Mas vibrei mesmo com Night Crawler, só com ela meu ingresso estaria bem pago.
Rob não cantou uma única palavra de Breaking the Law, limitou-se a estender o microfone para a platéia que cantou a música inteira por ele. Acho que ele não aguenta mais canta-la, é como Aqualung para o Jethro Tull, Smoke On The Water para Deep Purple e tantos outros casos iguais. Fechou com a pancadaria Painkiller.
Chamas e efeitos especiais não faltaram.
Uma garoinha chata ameaçou cair duas vezes, mas rapidamente se dissipou.
Voltou para o bis com Electric Eye, e confesso que quando não o vi entrando em cima de uma Harley Davidson para o bis, tremi na base...
...mas despedida de Judas Priest sem moto não seria despedida. Aí ouviu-se nos bastidores o ronco da máquina e veio Hell Bent For Leather.
A homenagem ao Brasil foi na forma de You've Got Another Think Comming, com Rob enrolado em nossa bandeira.
O segundo bis foi com Living After Midnight encerrando 42 anos da banda que criou o metal.
|