23/05/2013 - HSBC Music Hall
Quando bandas que tiveram o ápice de seu sucesso há
décadas atrás, pessoas comentam com desdém que agora que estão velhos vêm para
cá para fazer dinheiro. Graças a Deus! Vamos comparar os shows, antigamente:
estavam no auge do sucesso, mas também no ápice da bebedeira e uso de drogas -
não estou dizendo que era o caso do Yes. Existiram shows muito bons, mas
existiram muitos em que estavam completamente travados e o show era uma lástima,
acontecia de shows ficarem pela metade porque fulano tombou no palco por falta
de condições ou nem mesmo aparecer. A qualidade de som e recursos disponíveis na
época eram limitados.
Hoje: o profissionalismo está acima de tudo, a
tecnologia disponível - se bem utilizada - permite que cada instrumento seja
ouvido com perfeição. A maioria esmagadora dos músicos evoluiu com o passar do
tempo e tem domínio e técnica superiores hoje. Eu estive no Morumbi em 1981, no
show do Queen, sem telões, quem estava na arquibancada, com a ajuda da
imaginação, conseguia ver uma calça vermelha correndo de um lado para o outro. O
que se ouvia era mais ou menos uma dessas caixinhas de marimbondo que tocam
músicas de celular, amplificada algumas milhares de vezes. Aproximadamente 27
anos depois vi o Queen numa casa de espetáculos e, mesmo sem o Fred Mercury,
posso lhe afirmar que TUDO foi MUITO melhor. Quer comparar o show dos Beatles
onde só o que se ouvia era um bando de histéricas gritando com o show do Paul no
Morumbi?
- Ah, mas olha o estado dos caras...
Péra aí, você quer ouvir a música ou quer transar
com eles?
Isso posto, vamos ao show.
Se eu tivesse que resumir esse show em uma palavra,
esta seria perfeição, em todos os sentidos. Os músicos estão mais afiados do que
nunca, tocaram três álbuns inteiros, peças complexas, durante duas horas e vinte
sem parar, mais o bis. A qualidade de som cristalina e no volume adequado.
- Ah, mas não era o Jon Anderson.
E' verdade, mas se você não o conhecesse, não
poderia afirmar isso. A voz é igual.
Jon (Davison) é vocalista da banda americana de
progressivo Glass Hammer e tem uma voz idêntica à de Jon (Anderson). Anderson
foi substituído durante uma turnê em que foi hospitalizado e ficando
impossibilitado de executar alguns shows. Até onde fiquei sabendo, ficou
profundamente magoado com os colegas de banda que não hesitaram em substituí-lo
e nem ligaram para perguntar como estava passando... Também acho sacanagem, já
que não é um mero empregado, muitas das músicas tocadas tiveram a participação
direta dele.
Começaram o show com o álbum Close to the Edge
(72), depois foi Going for the One (77), que eu gosto muito e fecharam com o The
Yes Album (71) - é incrível imaginar um trabalho com essa sonoridade concebido
nessa época. Acima, Chris Squire e Alan White.
Steve usou várias guitarras diferentes durante o
show. Mas ninguém chamou mais atenção do que Chris com seu baixo triplo.
Nas primeiras músicas, as únicas imagens exibidas
nos telões eram água, imagens estelares, caleidoscópicas, psicodélicas e
zen no geral. Só depois essas imagens começaram a ser mescladas com as
dos músicos, mas não permitiam ver bem o músico em ação. Quem comandou os
teclados foi Geoff Downes. Steve Howe deu a
impressão de, às vezes, se irritar com a euforia dos fãs, enquanto tudo que ele
queria era o silêncio para a apreciação de sua música.
Como já haviam executado todos os três álbuns,
ficaram livres para escolher qualquer uma de outro disco para o bis, e a
escolhida foi Roundabout.
Como já havia assistido algumas vezes ao Yes,
estava decidido a não ir, mas na última hora "dei um passadinha" e tinha poucos
ingressos à venda. Bom, já que eu estava por lá, resolvi conferir, e fiquei
muito satisfeito em não ter resistido, foi um excelente show.
Ricardo Aproveitei a página "Yes" que existia, na qual estava o texto abaixo referente ao show de 1999. 08/09/1999 - Olympia
Essa é a quarta vez que a banda desembarca no Brasil. Um dos maiores ícones do rock progressivo, a banda continua em forma, como se pôde comprovar nesse belíssimo show em São Paulo, no Olympia. O show começou lá pelas 22:00 horas e só terminou bem depois da meia-noite, com direito a bis. Não podemos deixar de citar algumas qualidades desse show: a organização, a qualidade de som e a iluminação. Quanto aos músicos: destaque para a voz ainda potente de Jon Anderson e o brilhantismo do guitarrista Steve Howe. É verdade que Steve Howe demorou umas duas músicas para se aquecer, mas depois deu um show à parte, mostrando toda sua competência. Jon Anderson soltou sua voz aguda sem desafinar, fazendo o público cantar junto as músicas mais conhecidas, ou melhor, os hits "Owner of a Lonely Heart" e "Roundabout". O que estragou mesmo foi seu visual, meio Walter Mercado, que destoava numa banda tão bem cotada como o Yes. Quem esteve nessa quarta feira no Olympia encontrou um Yes mais "pesado", chegando mais perto do rock que do progressivo, e isso se deve ao trio: Steve Howe, Chris Squire e Alan White, que tocaram com entusiasmo numa pegada mais rock. As músicas, porém, foram tocadas na versão integral: longas como o Yes gosta. O guitarrista Billy Sherwood, na banda desde 97, também se mostrou muito competente. Já o tecladista, Igor Khoroshev, ficou meio apagadinho em seu canto, mas fez sua parte. Não é nenhum Rick Wakeman... Para finalizar, uma constatação: o público do Yes não tem idade definida, haviam garotos (e garotas) de 15 anos e "tios" com mais de 45... Ricardo Koetz
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