Via Funchal (20/05/10)
Edson e Hudson, filhos de família circense, fizeram um enorme sucesso na música sertaneja. A dupla tem 11 CDs gravados e 4 DVDs, chegando a ser indicada para o Grammy Latino.
Não é novidade que na banda de apoio de todas essas duplas de sucesso existem excelentes músicos (subutilizados e frustrados), sobreviver é preciso e infelizmente pode tornar-se necessário abrir mão do que se gosta para isso. O que eu não esperava é que um virtuoso poderia surgir diretamente de uma dessas duplas, e não dos músicos que as orbitam.
Em dezembro de 2009 os irmãos se separaram e Hudson foi para Holliwood, onde gravou ao lado de Kenny Rogers, Andréas Kisser, os irmãos Busic (Dr Sin), e contou com Matt Sorum (Guns n' Roses) e Mike Inez (Alice in Chains) no novo projeto.
A abertura do show do ZZ Top foi feita por Hudson Cardorini, sim, o Hudson do Edson e Hudson!!! Engraçado... é como se o desejo de solar a guitarra tivesse ficado represado por quase 30 anos e agora a comporta se rompeu. Ele dispara solos como uma metralhadora, fritando notas tanto dedilhando quanto na digitação.
Foi uma agradável surpresa, tocou 5 músicas instrumentais bem ao estilo Joe Satriani, em seguida, entrou um vocalista (ah, durante todo o show Hudson só cantou para fazer backing vocals), tocaram Highway Star - Deep Purple, Get Back – Beatles, o que me decepcionou um pouco, não que tivessem tocado mal, mas para quem estava tocando algo tão inesperado, poderia ter escolhido umas menos batidas. Se redimiu tocando Superstition, Feel like making Love – Bad Company e fechou com Poison – Alice Cooper. Tirando as músicas próprias, achei o repertório muito contrastante, ele vai ter que se decidir entre tocar covers para agradar em barzinhos ou impor sua marca com seu próprio trabalho.
Às 22:30, com lotação esgotada, entra em cena o texano ZZ Top.
Num palco bastante clean, enfeitados só os pedestais dos microfones disfarçados em escapamentos de caminhão, os bumbos das baterias em aros de rodas que giravam, molas e mais escapamentos. No fundo tinha um telão onde se revezavam temas como velas de motor, aros, chaves inglesas, caminhões, estradas, garotas, bombas de petróleo... mesclados com trechos de clipes e fotos. Só faltou cheiro de óleo diesel e gasolina.
Com a santa trindade do rock, guitarra, baixo e bateria, acompanhado pelas vozes roucas de Billy Gibbons (guitarra) e Dusty Hill (baixo), com Frank Beard (bateria), mandaram um delicioso blues rock, lento e arrastado, tocado com simpatia e alguns movimentos sincronizados.
Juntos a mais de 40 anos, tocaram músicas de todas as fases, mas curti mesmo as mais antigas como Have Mercy, Gimme All Your Lovin', La Grange, Got Me Under Pressure, A Girl Like You, mas principalmente Brown Sugar e Tush que fechou a noite. No meio do caminho teve uma homenagem a Jimi Hendrix com Hey Joe, apesar de eu já não aguentar mais de tanto ouvir a original, ficou legal. Para mim faltou Blue Jean Blues. Trocaram guitarra e baixo algumas vezes, entre elas, essas aí em cima, com pelego de carneiro.
Trocaram o blazer também. Curiosidade: em 1984 a Gilette ofereceu 1 milhão de dólares para Gibbons e Hill rasparem as barbas para um comercial, mas recusaram.
Ricardo
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